Desabafos III ~ Síndrome do Pânico
Nunca imaginei que teria um fim
De repente a sua vida deixa de pertencer a você e tudo de ruim começa a acontecer dentro da sua cabeça enquanto a realidade reflete o contrário, geralmente isso carrega algum trauma em si mas eu na verdade não tinha nenhum que justificasse tanta emoção. Ainda pré-adolescente sem jamais ter entrado em contato com informações que me dissessem o que estava acontecendo comigo, agia como se fosse algo natural cujo eu apenas não tinha respostas para definir o que era.
Meu pais não entendiam o que estava acontecendo comigo e suas persistências em me fazer andar na rua sozinho só me enforcava mais, não é só jogar a pessoa frente ao seu medo e dizer “supera aí”. Toda vez que eu andava sozinho fazia o possível para manter meus pés no chão e minha mente nas nuvens mas quando eu olhava para frente e sentia a aquela sensação de morte eminente eu travava, simplesmente travava seja lá onde eu estivesse. Em meus pensamentos havia apenas o pessimismo me dizendo que eu não chegaria em casa vivo, meus olhos visualizavam as piores coisas do mundo acontecendo — eu me sentia como uma casa mal assombrada em que a luz havia desistido de entrar.
Pra piorar, na verdade toda pessoa que eu me encorajava a contar sobre essas experiências não entendia também o porque de estar acontecendo isso e eu odiava ser quase um adolescente e morrer de medo de andar na rua por aí. Com o tempo foi piorando, nem ir na esquina da rua pra comprar pão eu conseguia e me escondia enquanto chorava quando me chamavam (quase me obrigando) a sair de casa. Merda, eu não sabia o que estava acontecendo comigo, eu não sabia como superar, eu não sabia o nome desse troço e eu sentia que só eu sabia o que era sentir isso. Com tudo isso acontecendo não demorou para eu passar a me odiar mais e não querer mais viver.
Finalmente um pensamento diferente, pela internet meu pai viu que o que eu provavelmente estava tendo era Síndrome do Pânico então resolveram me levar para um profissional que pudesse me dar algum norte. Fiz por um tempo terapia com um psicólogo que mais tarde me recomendou um psiquiatra mas que por razões que não sei ainda dizer, parei ali com o psicólogo mesmo . Mais tarde minha mãe ficou naquela dúvida sobre se eu não deveria ter seguido com o psiquiatra também…
No fim, o que desenvolvi na terapia realmente me deu algum norte. Busquei algo que poderia me motivar a sair de casa neste caso foi o basket já que era uma paixão intensa que eu carregava desde pequeno e deixei ele me conduzir, quando eu sentia aquela ansiedade violenta bagunçando minha mente eu voltava a minha atenção para o meu objetivo — o basket que além de tudo era a representação de um sonho que eu queria de qualquer jeito conquistar.
E aí com esforço e foco fui conseguindo diminuir a intensidade, as crises foram se tornando menos severas e mais controláveis. Até chegar hoje, onde já não tenho mais :)