Queime meu corpo e faça-me sol | Poema
Não espero ser lembrado
meu corpo é descartável
Cremado ou encaixotado
A vida que ali tinha, se foi
Não sou nada além do que sentimentos
Do que palavras não ditas
Do que raivas canalizadas
Do que olhares memoráveis
Do que gestos reais
Sou uma vulnerável ave sem asas
Voando apenas com a imaginação
Planando sobre as montanhas numa difícil respiração
Adiante eu voo por sentir algo a mais
Algo que minhas mãos não podem tocar
Algo que apenas as emoções podem falar
Não, não espero ser lembrado
Mas se minhas palavras ecoarem pelo tempo
E meus gestos permanecerem vivos em teus pensamentos
Tornarei-me amor
Na pós-vida
Para que para sempre possas me encontrar