Noite Inesquecível

Telesrion
Escritores da Liberdade
3 min readApr 1, 2019

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Foi um prazer imenso te conhecer naquela noite inesperada, às 20:02 para ser mais exato. Eu sentado naquela mesa esperando o evento iniciar enquanto você não muito distante de mim, já previa que eu iria me levantar para me apresentar. A gente nunca se viu ou pelo menos eu nunca tinha te visto e quando eu soube que tu eras uma poetisa tudo começou a fazer mais sentido, mas não, nada disso tinha acontecido ainda.

Primeiro veio o idealizador do evento dizendo “Sejam todos bem-vindos ao nosso primeiro evento de poesias intercontinentais, aqui a poesia é mais do que sentida é vivida por aqueles que às ouvem, interpenetrando cada célula de seu corpo dando luz onde se acreditava já não ter mais. Aqui você é mais do que bem-vindo para ser quem você quiser ser, e rogo aos Deuses da Poesia, para que quando alguém recitar o poema o seu espírito possa se libertar.” Todos se levantaram e bateram palmas enquanto os participantes tentavam conter suas emoções, pois logo já iriam se apresentar. Após toda introdução do evento subiu o primeiro poeta para recitar, a poesia escolhida foi a Autopsicografia de Fernando Pessoa e assim pediu gentilmente para que todos fechassem os olhos e passassem a prestar atenção as batidas de seu próprio coração; “tum tum… tum tum… tum tum…” cada pessoa em seu ritmo próprio, cada pessoa com a sua própria emoção há transparecer. O Alberto conseguia manter-se sensível sem exagerar enquanto recitava e os ouvintes mergulhavam nas histórias que surgiam enquanto buscavam interpretar o poema, de alguma forma as batidas dos corações se alinhavam com o ritmo poético que vinha do poeta, originando sensações indescritíveis para ambos. Este era o universo da Poesia Aberta, eles estimulavam os sentidos das pessoas para algo além do somente escutar.

Prosseguiram com as apresentações seguintes e depois de 30 min chegou a minha vez, um dos momento mais marcantes da minha vida, “a poesia que escolhi é uma autoral chamada Vida, peço para que se levantem da cadeira e fiquem de par com alguém — de preferência desconhecido — a partir de agora não tire os olhos desta pessoa”. Com isso é iniciada uma música de fundo (como planejado) e aos poucos cada um entrava nos mistérios subliminares que habitavam os olhos de seu companheiro. Buscavam entre os versos que estavam sendo recitados, significados que os olhos à sua frente permitiam ver, alguns até sorriam e já outros ficavam com vontade de chorar, mas dá boca nada saí era tudo os olhos que diziam. “(…) Existe muita coisa a se explorar; a se conhecer; a se transbordar; a (se) Amar”, ao finalizar todos se abraçaram profundamente em gratidão a poderem sentir o calor de uma outra alma a transbordar. Desci do palco e foi aí que eu me encontrei nos seus olhos, era intervalo e todos estavam degustando algo, mas você foi lá me convidar para dançar, eu claramente aceitei e na dança você disse “te conheço não conhecendo, eu o amo enquanto te perco, na leveza da vida quem força a ficar não sabe onde está, perdido e sem rumo o coração não aguentará, te solto pois você é seu próprio lar”. Me cumprimentou e foi embora, não corri atrás pois senti que não parecia ser isto que ela gostaria, seu objetivo era só me ensinar a amar e talvez nessas idas e vindas desta vida, a gente ainda volte a se encontrar.

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