O desafiante mundo do Sentir
É complicado sentir, não é? Vai me dizer que você nunca teve o desejo de parar de sentir tudo o que sentia naquele momento e acabou se frustando por perceber o quão é difícil deixar de sentir isso. Já se encontrou passeando na madrugada refletindo sobre alguma questão que estava te incomodando há muito tempo e mesmo assim não foi sempre que conseguiu resolvê-la. Enquanto o mundo vai se preocupando demais com questões externas como os avanços tecnológicos e domínios de poder, vamos traçando um rumo onde a humanidade vai se perdendo de si diante de tantas formas libertadoras a ser vividas.
A correria do dia-a-dia torna tudo mais difícil para que possamos nos encontrar em paz. Nela há as contas para pagar, as expectativas para realizar, as socializações com quem nem sempre gostamos de estar, deixando-nos cada vez mais afastados de nós mesmos. E em alguns momentos acabamos criando certos abismos entre o desejo e a realidade, sendo que esse desejo costuma vir acompanhado de uma ansiedade tão pouco controlável, que em alguns casos fazem a gente se sentir mal por não conseguir tornar o desejo em realidade dentro do tempo em que a ansiedade propôs. Mas até quando isso vai precisar continuar sendo assim? Até quando o que sinto vai turvar a minha visão perante a realidade que me cerca? Até quando terei reações impulsivas na hora em que o que mais tinha que ter era paz para conseguir lidar melhor com a situação? Até quando vou proliferar ofensas para satisfazer o meu ego? Talvez naquele dia você não queria mesmo ter gritado de uma forma tão forte e assustadora com aquela pessoa que você diz tanto amar — não havia necessidade — e mesmo assim, você foi lá e fez o que sentia naquele momento, seguiu encapuzado uma verdade que não se passava de uma ilusão emocional vinda só para te testar. Esse fato se expande para tantos contextos diferentes que daria para escrever um livro só de relatos sobre ele, mas o que então eu poderia fazer para ao menos conseguir lidar melhor com isso? Se tornar consciente de si.
Isso significa que ao passar por qualquer situação independente da emoção que isso te traga, você conseguirá enxergar o que está acontecendo com você analisando os pensamentos, vontades e desejos. Como exercício, comece a se lembrar de alguma vivência que te trouxe muita emoção (seja ela boa ou não), vai tentando cada vez se imaginar naquela situação, se recordando do máximo de sensações possíveis (seja elas materiais como por exemplo a brisa de um vento ou não) e vai dizendo para você mesmo o que sentia, se era medo, vergonha, raiva, timidez, felicidade, contemplamento, paz. Com esses sentimentos incorporados em seu ser o que você quer ou não quer fazer durante essa situação? E o que foi que você acabou fazendo na verdade? Essa sua escolha te trouxe benefício ou apenas se tornou mais um problema acumulado empurrado pela barriga? Entenda que você tem o poder de mudar a maneira como você enxerga a realidade e como age sobre ela, então se explore, na próxima vez que vivenciar alguma situação que você está prestes a perder o controle emocional, busque essa consciência de se ouvir perante ao caos e agir conforme você realmente quer agir.
Você tem sim o controle de si.
