A vida de freelancer: parte 2

Roberta Roth
O Centro
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2 min readJan 22, 2018

Em 2016, escrevi sobre uma novidade nesse negócio que chamamos de carreira: eu havia recém me tornado uma profissional 100% freelancer. Com muito orgulho e cheia de vontade! Afinal era algo que eu desejava há algum tempo, me dediquei ao processo de adaptação nessa vida mais ~livre~.

Muito do que escrevi continua sendo verdade: gosto da flexibilidade, do tempo que consigo dedicar a cada projeto e como, no final, consigo me sentir orgulhosa do que fiz. Mas também me sinto cada vez mais solitária, mais ansiosa em relação ao fluxo de trabalho e de dinheiro, e mais aflita com a escassez de ofertas.

Confesso que minha autoestima e positividade se abalaram desde então. Mas tentando ver o lado bom das coisas, algo que 10 a cada 10 (dentistas) pessoas me recomendam, gradualmente consigo apreciar as pequenas vitórias da vida de freelancer que mora sozinha. Nenhuma delas tem relação direta com trabalho. Ainda assim algumas habilidades minhas definitivamente subiram de nível.

E é exatamente esse o ponto deste texto (mas não recomendo você parar a leitura por aqui).

Em casa tenho mais tempo para cozinhar. Cozinhando mais, fiquei mais esperta na variação de sabores e também me alimento melhor, faço escolhas mais saudáveis. Quando compro legumes, frutas e verduras faço questão de priorizar esses alimentos já que rapidamente eles estragam. A sardinha com massa (ou arroz ou cevadinha ou quinoa) aparecem só quando não há outra opção.

Olha mãe, eu que fiz. O link para reproduzir essa maravilha em casa tá no fim do texto.

Meu freezer nunca trabalhou tanto quanto nesse período. Às vezes preciso tomar cuidado ao abri-lo, e não por causa da garrafa de Jaegermeister na porta, mas pela quantidade de potes de feijão, lentilha, nhoque (feito por mim!) e outros alimentos que me salvam repetidas vezes. *Vai na cozinha e confere se o feijão já descongelou pro almoço de hoje*.

Ou seja, mesmo que uma parte do todo está estagnada, em outros aspectos evoluí. E isso é fato: estamos sempre evoluindo em alguma coisa, mesmo que não pareça ter efeito naquilo em que estamos focado. E felizmente ninguém deve viver só de trabalho, então por que não reconhecer essa evolução?

Ainda que seu ambiente de trabalho seja na ~firma~, você pode não estar evoluindo na rapidez com que coloca números na tabela do excel (sério, gente, eu não tenho ideia do que vocês fazem), mas vai evoluir em outros aspectos relacionados à sua vida. E essas pequenas vitórias precisam ser contadas, enxergadas, valorizadas e amadas. Elas vão te fazer feliz.

Por mais que não se possa pagar boletos com felicidade e auto-realização, eu diria que essas são as partes mais importantes do trabalho e da vida como um todo. E sempre dá pra achar uma coisinha que você fez melhor hoje do que ontem, dá mesmo. Pode ter certeza disso!

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Roberta Roth
O Centro

Jornalista, Brasileira e em dúvida. Já deitei no trilho do tram em Amsterdã.