Além da memória do celular

Hanna Veras
O Centro
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2 min readJul 22, 2017

2009.

Meu maior vicio era o Orkut, a rede social mais usada por todos na época. Nela existiam várias comunidades, nas quais você podia participar dependendo dos seus gostos musicais, cinematográficos, ou qualquer coisa do tipo. Eu entrei na comunidade da minha banda favorita: U2. Conheci inúmeras pessoas, fizemos amizade, ficávamos até de madrugada conversando no Skype, no próprio Orkut ou no finado MSN. Hoje não tenho contato com tantos amigos da época, mas mantenho com alguns outros, e conheci lá uma das pessoas mais especiais para mim, com quem eu falo vez ou outra até hoje.

2013.

Descobri um negócio na internet chamado podcast, e logo me apaixonei pelo RapaduraCast. Um tempo depois, adiciono o host do Rapadura no Facebook e ele me aceita. Ele manda mensagem para mim, começamos a conversar e descobrir mil coisas em comum. Um papo gostoso, e logo passamos a sair juntos. Em 2014, eu disse sim ao seu pedido de namoro.

2014.

Tempo depois do fim do ensino médio. Minha melhor amiga da escola vai se mudar de Fortaleza para Natal para cursar a faculdade. O medo de perder o contato, e a amizade cair no esquecimento, veio. Logo eu, que sempre tive amigos de outras cidades, não queria mais uma longe. É a vida. WhatsApp sempre, telefone vez em quando para botar os papos em dia, redes sociais sempre presentes para ver como anda a vida uma da outra quando não temos como parar para conversar.

2015.

Entro em um grupo do Telegram, de um podcast chamado Canal 42. É um grupo de ouvintes, para conversarmos sobre os programas e sobre tudo o que quisermos. Lá temos a ideia de criar nosso próprio Podcast: VilaCast. Conheço os amigos que hoje me completam, e conversamos sobre tantas coisas sérias e sobre cotidianos e sobre besteiras e baboseiras e política e religião e feminismo e PASMEM, respeitando um ao outro.

2016.

Viajo ao Rio de Janeiro para conhecer alguns amigos que a internet me deu. Viajo a São Paulo para conhecer amigos ou pessoas que sempre simpatizei pela internet. Acabamos criando vínculos.

2017.

Bere, Sérgio, Erik e Lele vêm a Fortaleza visitar a mim e a outros amigos que temos aqui.

Eu não poderia falar de internet sem citar o quanto ela me deu presentes; me fez conhecer pessoas extraordinárias, as quais eu não me vejo sem; me fez criar maiores vínculos com aquelas pessoas que eu já conhecia. Acho que seria um problema deixar de viver a vida real para viver a vida online, mas a internet me deu amigos (e me pergunto se eu os teria conhecido se não fosse um mero aplicativo), amores, momentos muito felizes e que estão além da memória do computador ou do celular.

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Hanna Veras
O Centro

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.” Cearense, aprendendo um pouco mais sobre si mesma a cada dia.