Dizem por ai que a indecisão é um mal dos librianos, mas de fato não acredito nisso. A dificuldade de tomar aquela decisão, aquela que pode mudar seu rumo, que pode definir seu destino é um fardo que vem junto com a liberdade e com o privilégio de ter mais de uma opção. Seguir um caminho se torna difícil, pois, aparentemente, nos dá a total responsabilidade de erguer nosso próprio futuro.
Quando nos deparamos com a bifurcação e temos que escolher o tal caminho, passamos pelo momento dos achismos e das possibilidades. Formulamos hipóteses, criamos futuros e projetamos possíveis erros. Tudo isso pra tentar descobrir o que é certo a se fazer. É obvio que no final isso dá errado, pois a vida é montada em cima de improbabilidades que não estão no nosso controle. E que também não podem ser previstas por ninguém.
É difícil para nós, indecisos, perceber essas pluralidades de possíveis futuros. É difícil perceber que não temos autonomia suficiente no trilhar dos nossos caminhos. A vida nos leva, o destino nos leva, Deus nos leva pra onde temos que ir. Portanto, projeções se tornam apenas combustível para o arrependimento e para o famoso “e se”. Ainda lembro que projeções num mundo de improbabilidades criam paranoias e desespero.
Ao nos depararmos com a indecisão, devemos apenas seguir uma direção: a que a Intuição nos guiar, sobretudo porque as escolhas podem ser reiteradas. E temos tempo suficiente para voltar atrás. Isso me recorda a ideia de que, às vezes, temos que dar um passo para trás, para dar dois à frente. Errar também é uma possibilidade de ensinamento.
Por fim, gostaria de dizer aos indecisos como eu que a vida não é um caminho só de ida. Temos retornos, novos caminhos, novas estradas e novos tempos. Afinal, dizia Renato, “temos todo o tempo do mundo”, “somos tão jovens”.
