Educação começa em casa mas…

…também é um processo colaborativo que não deve ser só responsabilidade dos pais.

Carol Oliveira
O Centro
3 min readNov 21, 2017

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Duas gerações e dois modos de aprendizado (Fonte: Pixabay)

A educação começa em casa pois é o primeiro contato que a criança tem com o mundo. Quando digo “casa” deixo claro que me refiro ao ambiente em que a criança é inserida quando nasce, e não ao modelo de família. Crianças aprendem com exemplo, pois repetir comportamentos é uma das primeiras ferramentas de aprendizado das quais ela dispõe na infância, e também através da experimentação, descobrindo o mundo a cada nova experiência.

Portanto, educação começa em casa, mas por ser um processo, que pode se desenvolver com o passar do tempo, sofre alterações externas as quais não são apenas responsabilidade dos pais.

Educação é algo que se aprende todos os dias. Algumas lições básicas como empatia e gentileza deveriam ser aprendidas com os primeiros contatos humanos, porém, isso não é regra. O processo de educar deve ser encarado como algo colaborativo, onde todos possuem uma porcentagem de responsabilidade no meio em que vivem.

Por exemplo, quando eu era criança tive uma educação que considero privilegiada, por ter sido baseada no diálogo. Eu não era poupada dos “assuntos de adulto” como problemas financeiros (muitos pais escondem de seus filhos a real situação financeira da família e se afundam em dívidas, entrando em depressão para manter a condição atual) e a tão temida morte (que ainda hoje é tabu em muitas famílias e, com isso, a criança cresce sem uma base emocional que permita que ela encare a situação da melhor maneira possível).

Aprendi muitas coisas quando era criança, porém, com alguns assuntos como diversidade, preconceito, homofobia e feminismo eu só tive um contato “consciente” quando já adulta. Digo consciente pois, quando eu era criança, esses assuntos não eram discutidos como hoje. Não sei dizer se eram tabus, mas sinto como se naquela época fosse algo que ainda não havia conquistado seu espaço livre e aberto nas conversas do dia a dia.

Depois da educação básica que recebi da minha família, eu conheci muitas pessoas que me ensinaram algo, e que assim colaboraram com minha educação. Na escola tive professores que me ensinaram muito mais do que matemática e português. Eles me ensinaram, por exemplo, a compartilhar conhecimento.

Me lembro de que quando era adolescente, eu tinha um grupo de estudo de Português, no qual eu tentava ensinar o que eu sabia aos meus colegas que tinham dificuldade de aprender do modo padrão. Isso me ensinou que muitas vezes a culpa do aluno não aprender não é do professor, e muito menos do próprio aluno, mas sim, de como esse conhecimento é passado.

O sistema de ensino ainda é engessado e cabe perfeitamente em caixinhas. Apesar de ser algo difícil de mudar, há quem o desafie e mostre que é possível aprender de outra maneira.

Eu vi um caso no noticiário (não consegui encontrar o link da matéria, então vou explicar resumidamente), onde uma professora, vendo que seus alunos colombianos estavam sofrendo bullying dos colegas, propôs que todos fizessem uma árvore genealógica. Com isso, cada aluno descobriu que tinha raízes estrangeiras, e assim, aprenderam que não havia diferença entre eles.

Portanto, todos tem um papel importante na educação de cada cidadão. Meus professores, amigos, parentes, vizinhos, e até pessoas que não conheço pessoalmente (através das redes sociais, por exemplo, tive contato com outros modos de pensar) foram indispensáveis na construção de quem eu sou hoje.

Eu acredito que tudo pode ser aprendido durante a vida e que nosso comportamento é moldado pelas experiências que vivemos. Portanto, todos podem colaborar e lutar por um mundo onde “Como você é educado!” substitua de vez o “Que falta de educação!”.

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Carol Oliveira
O Centro

Diante de tudo, escrever ainda é a melhor solução.