Educar é mais

natália scholz
O Centro
Published in
3 min readNov 18, 2017

Minha mãe vem de uma família humilde. Os meus avós se casaram e foram na cara e na coragem para outro estado do país começar sua vida. Sem formação completa, construíram uma família a base da vida no campo. Uma das maiores preocupações dos meus avós sempre foi a educação. Diz minha mãe que eles afirmavam que essa seria a única herança que eles poderiam deixar para os filhos. E hoje, refletindo, acredito que esse é o tipo de herança que realmente importa.

A palavra educação tem um sentido muito mais amplo do que quando falamos sobre colégios e etc. Escola não educa (ou não deveria ser a única a fazer isso), mas sim proporciona aprendizados que deveriam ser básicos para qualquer pessoa. E igualmente importante é a educação que vem da vivência, dos exemplos que presenciamos. Nesse contexto, podemos dizer que a vida é a maior e melhor professora que teremos e que de seus ensinamentos não há escapatória.

Ignorar ou considerar menos importante essa educação é algo que me irrita. Lembro muito bem dos meus tempos de Ensino Médio… Não foi uma época legal para mim, apesar de eu sempre ter sido uma boa aluna. Minha escola basicamente só focava no vestibular de uma faculdade x aí. Era isso todo santo dia. O interesse não era que eu aprendesse aquilo e, sei lá, aplicasse na minha vida. Mas sim que eu decorasse a qualquer custo para acertar o máximo de questões na famigerada prova.

Ok, claro que vestibular é importante. Claro que é relevante ir bem se a pessoa quer estudar em uma instituição específica. Mas não é tudo. Não passar no vestibular? Não era opção. O caminho que eu devia seguir era um só e não se falava em alternativa. Tanto é que quando não passei me senti um lixo. Mas esse sentimento durou pouco, pois logo depois ingressei em outra faculdade — menos prestigiada por meu ex-colégio— e lá fiz um curso maravilhoso, do qual me orgulho imensamente. Zero arrependimentos, real oficial. Parece que a vida não acabou quando não alcancei aquele objetivo da “educação ideal”. E ainda bem! Porque foi ali que senti que o melhor realmente havia começado.

O que quero dizer com essas linhas com toque de amargura em relação a essa fase da minha vida? Que educação é muito mais que nos pintam ser ou o que querem que nós acreditemos. É mais que o colégio, é mais que a faculdade que se faz. Ninguém é melhor ou pior por ter estudado algo ou não. Educação abrange toda a base que vem de casa e vai se agregando a tudo que vamos aprendendo ao longo da vida. Sempre há mais para ser ensinado e temos que estar abertos a aprender.

Mais que especialistas em determinado assunto, acredito que devemos nos esforçar para ter uma educação global e emocional. Tentar compreender o mundo, aprender com os que já por aqui passaram e tentar ser um fator de mudança. Exercer bem nossa profissão é importante, mas devemos ir além. Que sejamos mestres e doutores na vida, perpetuando uma herança que não tem preço, mas que é a mais valiosa de todas.

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