Se o sofá da terapia fosse assim seria bem legal né? Photo by Christelle BOURGEOIS on Unsplash

Eu faço terapia e você também deveria fazer

10 coisas que aprendi durante um ano de terapia

Carol Oliveira
O Centro
Published in
5 min readMar 29, 2018

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Há um ano eu me sentia perdida em relação ao meu futuro e vivia angustiada. Foi então que decidi procurar ajuda de uma psicóloga. Eu não sabia o que esperar, pois nunca tinha tido contato com ninguém que fazia terapia, mas fui com o coração aberto esperando encontrar um divã super legal pra deitar e uma psicóloga que pudesse resolver meus problemas de imediato.

Pois bem, não tinha divã super legal e ela não resolveu meus problemas como num passe de mágica. Estou na terapia há um ano e não pretendo parar de frequentar, pois foi a melhor coisa que eu poderia ter feito por mim mesma.

Então, pro tema #TextoLivre desta quinzena, resolvi fazer uma lista de motivos para mostrar pra você, coleguinha leitor, que fazer terapia não é coisa de louco e que é o melhor investimento que você pode fazer pela sua saúde e bem estar:

1 — Autoconhecimento é tudo!

Você sabe quem você é? Qual o sentido da sua vida? Ou pelo menos sabe dizer se gosta de azul ou amarelo sem precisar de ajuda de alguém pra responder?

Pois bem, fazer terapia te ajuda a responder algumas perguntas existenciais e também umas bem básicas que você nem acha que são importantes mas que são cruciais nas escolhas que você faz durante a vida.

2 — Você aprende a se responsabilizar pelas suas escolhas

Quantas vezes colocamos a culpa da nossa vida não ser como sonhamos em nossos pais, irmãos, amigos e até mesmo no destino? Pois é, não é bem assim que funciona. Quando você aprende mais sobre si próprio, começa a fazer escolhas melhores e entende que você tem como mudar sua própria situação, mas precisa aprender a lidar com as consequências também.

3 — Abrir mão do controle? Sim, é possível.

Nesse um ano de terapia eu descobri que tinha ansiedade e no começo foi difícil entender tudo o que isso significava, porém uma das coisas que aprendi foi a lidar com o fato de eu querer sempre controlar tudo (e todos).

Tudo tinha que ser do meu jeito e quando algo não funcionava eu perdia o rumo, ficava estressada, chorava, pirava, tinha medo, etc… Aos poucos fui descobrindo os motivos por trás dessa necessidade de controle e fui aprendendo a me planejar e deixar as coisas fluírem (neste ponto o que me ajudou também foi o conhecimento sobre o Budismo).

4 — E sua autoestima, como vai?

Um dos motivos de eu querer estar sempre no controle era que minha autoestima vivia em níveis ridiculamente baixos. Eu queria agradar a todos, ser boa pra todos, ser isso e ser aquilo mas sempre pros outros. Eu me importava demais com a imagem que as outras pessoas tinham de mim.

Esse quesito também precisou de muita atenção nas sessões, e aos poucos fui me redescobrindo, aprendendo a fazer coisas por mim mesma, como ir sozinha ao cinema. Fui me aceitando como sou e aprendendo a gostar da minha companhia. Me aceitei e pude entender o que era aceitar o outro.

5 — Aceite o outro como ele é

Pra aceitar o outro do jeitinho que ele é você precisa de empatia, certo? Mas você precisa primeiro ter empatia consigo mesmo, aprender a se perdoar e não pegar pesado no perfeccionismo, afinal somos humanos, erramos mas também podemos consertar os erros.

Quando comecei a me perdoar por sentir tudo que sentia e entender que é normal não concordar com tudo que os outros fazem ou deixam de fazer, eu comecei a enxergar tudo com outros olhos. Comecei a me colocar no lugar de todas as pessoas com as quais eu tinha problemas de relacionamento e entender porque eu sentia tudo aquilo. Aprendi a ouvir o outro como eu gostaria de ser ouvida, e finalmente entendi o que é empatia.

6 — Não temos duas orelhas e apenas uma boca à toa

Quem me conhece sabe que eu falo pra caramba, mas sempre reclamei que ninguém me ouvia do jeito que eu queria, mas na verdade o problema é que eu não sabia me comunicar. Falar é uma coisa, se comunicar é outra. Só aprendi a me expressar da maneira correta quando comecei a ouvir atentamente todos que estão à minha volta, prestando atenção em cada detalhe e história. Com isso, não só aprendi a me comunicar, como conheci várias pessoas novas e pude retomar amizades antigas.

7 — Você é um conjunto de coisas e experiências

Eu sempre fui uma pessoa que pulava de um interesse no outro na velocidade da luz e com o tempo acumulei milhares de coisas inacabadas e muita frustração. Só quando fiz terapia que entendi que eu era um conjunto de tudo que já vivi, e que tava tudo bem querer viver muito mais. Eu poderia começar algo e vivenciar aquilo ao máximo, e sair quando achasse que tinha alcançado meu objetivo. Eu só precisava entender quais eram meus objetivos pra não começar as coisas no impulso.

8 — Tudo tem um porquê

Os porquês da vida muitas vezes nos paralisam, mas eu sempre fui viciada em ficar me perguntando o motivo de cada coisa que acontecia comigo. Tudo tinha que ter um porquê, mas durante a terapia eu descobri que nem tudo tem um porquê que condiz com o que eu acho. As coisas são o que são. Simples assim.

9 — Você não pode mudar o outro

Quem nunca sentiu vontade de mudar o modo como as outras pessoas são? Não é tão simples assim, e eu descobri durante a terapia que se você quer que o mundo mude, você precisa mudar primeiro. As pessoas não mudam por pressão, elas mudam porque elas querem ou por influência. Portanto, seja um exemplo: Gentileza gera gentileza, ok?

10 — Seja você mesmo

É um dos clichês mais difíceis de alcançar, mas depois que você começa a fazer terapia, as coisas vão se encaixando e o seu tão sonhado “eu mesmo” vai aparecendo tímido e aos poucos se soltando, então você percebe que esse é o começo de tudo e também o caminho.

Encerro meu texto torcendo pra que você, coleguinha leitor, tenha sentido vontade de se conhecer mais profundamente e que também tome coragem de procurar ajuda caso tenha algum problema como ansiedade ou depressão. Lembre-se que a sua saúde mental é muito importante.

Deixo essa frase do psiquiatra Carl Jung, que foi o fundador da Psicologia Analítica, que é a área em que a minha psicóloga atua:

“Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino.”

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Carol Oliveira
O Centro

Diante de tudo, escrever ainda é a melhor solução.