I’m a believer

natália scholz
O Centro
Published in
3 min readOct 25, 2017

Eu acredito em tantas coisas. Tem aquela música do Shrek que grita: I’M A BELIEVER. Essa sou eu. Acredito até um pouco demais. Acredito em Deus e que família e amigos são os bens mais preciosos que podemos ter. Acredito que coisas boas virão, que terei a chance de viver um grande amor. Acredito que música, em geral, é mágica e tem todo o poder de conduzir como será meu dia. Aliás, acredito muito em trilha sonora. Agora, por exemplo, escrevo ao som de Taylor Swift. Talvez possa soar um pouco dramática, então peço desculpas.

Eu acredito nas pessoas, apesar de muitas vezes ser aconselhada a fazer o contrário. Sério, eu sou a pessoa mais fácil de ser enganada. Se alguém me disser que já foi à lua, minha primeira reação vai ser um “sério?” de entusiasmo. Eu acredito mesmo.

Será que eu deveria acreditar? Será que se fosse diferente eu não evitaria acreditar em pessoas que vão me machucar ou em promessas que jamais serão cumpridas?

Não sei.

Mas eu sou uma believer. Chame como quiser: inocência, burrice ou o que for. Eu amo acreditar, ter claro na minha mente que coisas boas estão por vir, que após a tempestade vem sempre a calmaria. Não posso evitar. Cansei de ser pessimista.

De fato, por muito tempo fui bastante pessimista. Adorava citar algo que encontrei na internet de suposta autoria de Saramago, dizendo que ser pessimista é apenas ser realista. Eu reclamava demais e não sabia por que minha vida tava rodeada por essa nuvem preta. Eu ainda acreditava. Mas para o lado errado. Acreditava que ia dar errado mesmo, então por que tentar fazer diferente?

Um dia percebi que era essa minha crença negativa que atraía tudo de ruim. E resolvi acreditar do zero, como uma criança que está descobrindo o mundo e se encanta com a própria sombra. Claro, não vou pintar um mundo falso aqui. Há dias ruins, sim. Sempre. Há dias que não consigo enxergar além do meu sofrimento egoísta? Há. E eu odeio esses dias. Mas talvez são esses os momentos que nos fazem perceber como os dias bons são maravilhosos.

E eu resolvi acreditar num mundo bom, em que o pressuposto é que toda pessoa é boa e não ruim (claro, não sejamos realmente burros de confiar em qualquer pessoa, tudo tem um limite). Esses tempos viajei com um sistema de caronas que se chama Bla Bla Car. O conceito é simples: alguém precisa fazer um trajeto X e tem espaço livre no carro. Então a pessoa posta em um site e abre vagas para potenciais passageiros (com um valor bem melhor do que um ônibus, por exemplo). Nesse caminho que fiz de Portugal para a Espanha surgiu o seguinte assunto: será que Bla Bla Car não é meio perigoso? Pensa: tanto o motorista quanto os passageiros podem ser meio tantans e assassinos. Vai saber!

Aí a menina que estava sentada no banco de trás lançou um pensamento que me marcou (até porque eu estava com medo dessa viagem, já que nunca tinha feito isso sozinha antes): às vezes temos que confiar no universo, de que vai dar tudo certo, de que as pessoas são boas. De fato, é confiar muito no universo, que pessoas as quais nunca vi na vida não vão me abandonar em alguma estrada deserta no meio da Espanha, ou pior (pois adoraria morar na Espanha, risos).

Então é isso: acreditar que é mais provável que algo bom irá acontecer. Acho que nessa fase da minha vida eu prefiro acreditar que o mundo é bom. E se eu acreditar errado, eu sei que, ao menos, eu dei uma chance de algo positivo acontecer. Não é fácil. É um exercício diário, mas que, com certeza, vale a pena. Sejamos believers.

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