O melhor do Brasil

Ser brasileiro é viver num eterno relacionamento de amor e ódio. Nos tempos da Ditadura Militar, a publicidade bolou a seguinte frase: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Infelizmente, tive que deixá-lo (claramente em outro contexto da história do nosso país) para realmente saber o tamanho do meu amor por ele.

É complicado. Muitas vezes só conseguimos enxergar o medo diário da violência, as condições precárias em que tantas pessoas vivem, as injustiças sociais. A vontade é de fugir, achar um lugar que seja digno para se viver. Mas o que talvez seja o mais incrível e mais difícil de perceber é que, mesmo com tantas adversidades, não há lugar melhor para se estar, pois não há povo como o nosso povo. “O melhor do Brasil é o brasileiro”. Eu só posso concordar.

Alguns dias atrás, li um post de uma pessoa criticando os brasileiros que estão no exterior e só se reúnem com seus conterrâneos. É fácil lançar essa crítica quando não se vive a situação. A verdade é que encontrar brasileiros em qualquer lugar do mundo é encontrar um pedaço do lar. É, naqueles minutos de conversa, encher o coração de alegria por ter algo tão bonito em comum, dividir opiniões e piadas que só fazem sentido para a gente, independente da região da qual cada um vem.

Vamos falar de MEMES, por exemplo. Só com brasileiro rola uma troca maravilhosa de links sobre o mais novo nonsense que está rolando nas redes sociais. E não adianta: é só com brasileiro mesmo. Eu juro que já tentei vender clássicos do nosso humor (como “Carreta Furacão”) para os gringos, explicando o contexto e tudo mais. Eles não compreendem, dão uma risadinha para agradar e mudam de assunto. É extremamente frustrante (e incompreensível, pois impossível não rir de algo tão maravilhosamente absurdo).

A verdade é que não há lugar como nosso lar e não há um dia em que eu não sinta saudades do Brasil. Os problemas sempre vão existir — aqui e ali — , mas o jeitinho brasileiro de encarar tudo isso é sem igual. Nisso, sem dúvida, somos os melhores do mundo.