Quem decide por nós?
Entre todas as escolhas, escolher ser você mesmo é a mais difícil de se fazer. Escolher dizer o que pensa. Vestir a roupa que te faz bem. Ir em busca do emprego dos sonhos. Escolher sentir o que você quer sentir, sem se preocupar com o julgamento alheio, com o que os outros gostariam que você vivesse. É complicado, né?
Esses dias parei para pensar que quando pedimos a opinião de alguém, queremos uma solução para todos os problemas. Seja com um “amiga, vou com a blusa vermelha ou a amarela?” ou “eu termino com ela ou não?”. No fundo, em algum lugarzinho, nós sabemos a resposta ou, pelo menos, o que deveríamos escolher. Tudo o que queremos, porém, é que alguém nos diga: faça isso! Faça aquilo! Porque é muito mais fácil colocar o peso de uma decisão — ou a culpa — em outra pessoa.
Imagina eu ser responsável pelo meu futuro. Por ser feliz ou não. Deus que me livre!
Quantas vezes já me vi sair da terapia com mais dúvidas do que eu entrei. Por que? Porque o papel do terapeuta é justamente nos fazer pensar, nos fazer escolher um caminho, por mais que na nossa inocente ilusão, achemos que ele vai dizer “sim, você deve largar seu emprego — quando chegar no trabalho, fale isso para o seu chefe”, e nos entregar uma lista com todos os seus próximos passos certeiros.
As escolhas são nossas. Precisam ser nossas. Mesmo que nós cometemos um erro aqui ou ali. Faz parte do jogo.
Se vai postar bobagem nas redes sociais ou uma foto toda musiane, se vai concluir a faculdade ou vai fazer bolo pra vender, quem deve decidir é apenas você. E se um dia vamos ter certeza dessas nossas escolhas, sem pensar no “e se”, garanto que não. Você pagaria para ir ao cinema se soubesse o final dos filmes? Não teria graça.
Pronto. Escolhi viver do jeito que eu quero, agora tudo será uma maravilha!
É… Nem sempre vai ser tão fácil assim.
Depois de todo o esforço pra conseguir se convencer e decidir tomar aquela atitude que ficou anos martelando na sua cabeça, aparece a opinião alheia. Pessoas que adoram dar pitaco, como se tivessem certeza sobre todas as coisas — inclusive sobre as próprias vidas.
Vivemos em sociedade e, portanto, sempre vamos precisar lidar com quem está a nossa volta. Não é por isso também que temos que nos privar das nossas escolhas mais sinceras. Sempre quis raspar o cabelo, mas tem medo que te julguem menos feminina? Não dê ouvidos a quem não entende sua essência. Você sabe quem é e o que quer — ou pelo menos, o que não quer.