Seja legal com a sua versão mais antiga

O seu “eu” do passado não precisa ser escondido

Aryel Martins
O Centro
2 min readApr 11, 2018

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Foto: Aryel Martins

Não confio em quem nunca tenha duvidado de si mesmo. Não confio em quem sempre tem certeza. E acho que ninguém deveria confiar também.

Sempre procuramos apresentar nossa melhor forma, a melhor versão de nós mesmos. Mas qual forma? Qual parte do meu “eu” preciso mostrar hoje?

O mais extrovertido? O mais sério? O que não liga? O que se importa demais? O carente? O Independente? O Profissional?

Essa escolha fazemos a todo instante.

Mas já existiu aquele momento em que não sabemos o que mostrar. E você se perguntou se tem algo para mostrar? E então, se não achar uma resposta, se coloca em dúvida sobre você mesmo. Aí começa uma série de atos de auto-afirmação. Para chamar atenção de alguém, para ser bem recebido em certo grupo de pessoas, para descarregar alguma frustração e vários outros. O que o consenso geral condena, o que está correto em certa medida, mas que muito provavelmente você não seria quem é, se não fosse por isso.

IDENTIDADE: “conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la.”

Estar perdido sobre nossa identidade faz parte de certas dores de crescimento que são necessárias. Olhando para trás podemos pensar em como eram banais e estúpidos todos aqueles “problemas” da adolescência. Ou que foi até um tempo desperdiçado e que não volta nunca mais (ainda bem). Mas foi dessas bobagens que você tirou o seu “eu” de agora.

O pé na bunda que recebeu e achou que era o fim do mundo, a vez que brigou com seus pais e achou que tudo estava contra você, toda vez que matava aula e se achava um grande contraventor, as pequenas coisas idiotas que lhe fazia ter raiva de alguém, aquela simples viagem para a praia que parecia uma grande aventura…

Hipérboles.

Por isso disse que não confio em quem tem certeza de tudo, ou de si mesmo. Só quem não passou por essas coisas tem plena confiança no seu “eu”. Quem já teve dúvidas sobre si, sabe que logo mais a dúvida vira outra coisa, e assim por diante. Somos uma construção social, de várias partes que absorvemos durante muito tempo. Nossa individualidade é construída de forma coletiva, é a soma de experiências e das pessoas com as quais convivemos.

Seja crítico, mas não sinta vergonha do seu “eu” mais antigo. Foi só uma parte que ficou lá para trás, junto com várias outras versões de você.

E ainda virão muitas outras.

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