Tentando entender o tempo
Tempo é relativo. Já percebeu que quando se está em cima da hora para chegar a um compromisso, ele voa? Enquanto que nas situações em que você está dando aquela enroladinha para não chegar muito cedo, ele para? Mas quem controla esse relógio? O universo quando está entediado altera toda a rota dos planetas, satélites e tudo mais para rir um pouco de você?
Para uma pessoa ansiosa como eu, falar sobre tempo é um tanto quanto complicado. Minutos podem durar horas. Meses podem parecer dias. Às vezes, é difícil viver no agora e, assim, pensamos mais no futuro ou ficamos remexendo no passado.
Nessa sociedade cada vez mais acelerada, é difícil aprender a viver — e apreciar — unicamente o presente. Por isso, práticas como yoga, meditação, técnicas de respiração, mindfulness e tantas outras que focam no “aqui e agora” estão tão em voga.
Ok. O tempo é bom, então precisamos ser imortais?
Dia desses, assisti a um documentário brasileiro chamado “Quanto Tempo o Tempo Tem” (disponível no Netflix! Fica a dica!). Ele reúne, ao redor do mundo, as opiniões de estudiosos da sociologia, filosofia, física, budismo, arquitetura, neurociência e outras diferentes áreas do conhecimento para discutir a nossa percepção e o uso dele: o tempo.
Uma das questões que mais me chamou a atenção na produção foi o conceito de transumanos, que propõe romper os limites impostos pela biologia humana e tem como grande objetivo a imortalidade.
Tirando desenhos animados com vilões que desejam conquistar o mundo e viver para sempre, jamais imaginei que existiam pessoas estudando formas de isso acontecer de verdade.
Viver um tempo finito é o que realmente nos faz querer evoluir, aprender, sermos melhores de alguma forma. Acho que uma — desculpa o trocadilho — “passagem eterna” pela Terra não teria tantas belezas e momentos especiais.
Por outro lado, partindo do princípio do conflito interno da diretora Adriana Dutra, que deu origem ao documentário:
“Vivemos um tempo diferente. Corremos sempre, corremos sem motivo, corremos por nada. É como se o tempo tivesse ficado mais rápido. Tudo sugere velocidade, urgência e nossas vidas estão sempre atadas ao dever de alguma tarefa. Mas, afinal de contas, por que o tempo parece tão curto?”
Será que a certeza da imortalidade nos faria pisar no freio e curtir a vida com mais calma? Minha sincera opinião: acho que não.
Seja por receio de envelhecer ou por não o ter o suficiente, por que ter medo do tempo? Parafraseando Lulu Santos, “vamos viver tudo que há pra viver”, mas no tempo que nos é dado. Sem atropelos, desespero ou cobranças sem sentido.
Querer controlar o tempo é o que nos faz não saber esperar que cada coisa aconteça de acordo com o andamento delas. Paro para pensar em quantas vezes achei que estava tudo errado, que eu tive medo ou que pensei não saber fazer algo. E foi só deixar o relógio e o calendário percorrerem seu gingado natural para tudo ganhar um semblante diferente. Afinal, maturidade só vem com o tempo, não é mesmo?