Você que me lê agora deve estar empregado. Se não, deve estar a procura. Mas esse texto não é sobre procura de emprego ou coisa do tipo.
É sobre o tempo que você trabalha.
Sim, aquelas 8 horas diárias ou 44 horas semanais (exemplo da maioria que segue a CLT).
O que quero dizer é que há muito tenho pensado em como ‘’perdemos’’ tempo da vida simplesmente tentando ganha-la.
E não, eu não sou daquelas a favor de “largue tudo e faça um mochilão pelo mundo’’, “largue seu emprego formal e vá vender brigadeiro’’ ou coisas do tipo. Para algumas pessoas dá certo? Sim, dá. Mas eu gosto de estabilidade e preciso dela.
O que me incomoda é a falta de flexibilidade. As leis brasileiras não são as mais favoráveis quanto a férias. Muita gente nunca tira descanso e nunca emenda um feriado. E muitos empregadores nem querem saber de conversar sobre home office.
Passamos mais tempo com os colegas de trabalho do que com a família, do que estudando, do que praticando nossos hobbies.
E por mais que seja preciso “levar dinheiro para casa’’, me dá uma sensação de perda de tempo, as tantas horas que podiam estar sendo gastas com coisas mais prazerosas.
Quem de vocês não sente uma sensação boa de liberdade quando sai do trabalho na sexta-feira?
Sim, parece que a vida começa no final de semana.
Mas, na verdade, ela está ali. Passando. Entre prazos, compromissos, segunda- feiras tediosas e cinzas.
E parece que a rotina acaba apagando a gente. Como se o efeito colorido ficasse ali, entre sexta e domingo.
O nosso ganha pão nos permite sobreviver e fazer algumas coisas que queremos. Mas será que o tempo que “perdemos’’ tentando ganha-lo não é mais um prejuízo do que um lucro?
Sei que ainda não consegui fechar essa conta na minha cabeça. E que ainda tento equilibrar (com pouco sucesso) a rotina e o prazer das coisas.
O que espero conseguir é não ver a vida passando sem tempo para o que realmente interessa.
