Uma nova dimensão para a Vida Política

Comprima o Espaço-Tempo dos fluxos de sua vida e faça de si mesmo a própria AÇÃO da FORMA em Transição.

André Silva
O Construtor de Fluxos
5 min readMar 16, 2015

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Embora a cascata de informações as vezes deixem uns e outros confusos quanto a origem dos enxames populacionais de junho de 2013, quanto a ter dado ou não algum efeito tais ondas de manifestações, a quem mantém a fé (por compreender que existem propósitos além de nossa ciência e que nada é por acaso) e mantém a esperança (por crer que bons atos, por mais recatados que sejam, produzem sua influência e congregam transformações importantes) pode sentir o Futuro ao trazê-lo ao Presente. Toda vez que você se envolve profundamente na imagem daquilo em que acredita, daquilo que deseja realmente, de todo o seu coração, você vive o Futuro em seu agora, fazendo seu mundo interno atritar com o universo externo, com a realidade pura. Este choque já te transforma! Pouco importa o resultado mundano.

A quem espera ver mudanças imediatas, enxergar atitudes daqueles que não tem a menor pretensão de se entregar, perceber claramente a radical virada em todos os sentidos possíveis, nada irá ver se não voltar-se ao seu papel nisto tudo. Observe que cada pequeno ato que você realizar no esforço para trazer um nano-zilímetro (seja lá o que for isto) mais próximo tal “utopia” do Futuro melhor é o que efetivamente te fará experimentar deste futuro, e sobretudo, se TORNAR este futuro, embora continuará o atrito que aprimora progressivamente sua “forma-pensamento”.

Ainda que as mudanças externas imediatas ocorram, sua experiência direta é que te faz mais ou menos influenciador. A quem preferir conscientemente nada influenciar renega sua função natural de Educador e permanece mais influenciável, mais fácil de se deixar levar. Esta descoberta conduz à busca pela consciência política que vai então emergindo vagarosamente. Mas também é FUNDAMENTAL entender que necessariamente deve ser um julgamento de si mesmo, uma interpretação auto realizada. Não nos cabe julgar os outros independente de quem seja ou faça. Por “julgar”, entenda fechar-se à capacidade inerente humana da mudança. Tão pouco nos vale generalizar. Por mais raro que um momento destes seja (da mudança pessoal), fechar as portas pra que esta raridade aconteça é um contrassenso. É opor-se à própria corrente transformadora, a mesma que transforma você e transforma o outro se você não atrapalhar o decorrer da experiência própria de cada um, esteja ele em erros ou acertos. Logo, não podemos nos manter um segundo que seja fechados. É preciso ser indulgente para com o outro. Sua atitude de mudar a si mesmo basta, não se preocupe! O dever de transformação é pessoal e intransferível e o mundo humano (o seu mundo, porque se refletir bem, ele se forma na sua mente) é um puro reflexo da sua relação com o conjunto dos seres humanos, como o efeito do calor localizado em pontos dispersos numa superfície de metal, que se irradia.

O crucial nisso tudo é ter a noção de que temos que sair da vida de “imagens”, de uma dimensão “cartesiana”, para ascender a uma Dimensão superior no qual Eu sou o Movimento, um constante “vir-a-ser”, o fluídico Espaço-Tempo (pois a transformação é isso). Ou seja, isto é viver a mudança, é ser a mudança, é não buscar apenas uma imagem/local para se estar, para se “resultar”, e sim fazer o Futuro no Presente ao ser a “mudança que você quer ver no mundo”, como a conhecidíssima frase de Gandhi.

Então, se você vai/foi às ruas hoje, o desafio diário é vivenciar a prática do mundo ideal que deseja. Qual a natureza do seu desejo? O mundo melhor pra você? O mundo que te faça feliz, que te preserve a paz de espírito e te favoreça as realizações e conquistas? Então pense melhor… Essa é a revisão que a “crise” existencial nos concita. Toda crise é oportunidade. Não há um Mundo único aqui. Não há pessoa sem humanidade, literalmente. Perde-se o sentido se os outros-humanos não existissem, ainda que você exista. E isto é muito sério, pois é a chave para se entender essa crise de Sentido. O quanto os outros-humanos não existem pra você? O caos de nossos dias representa esta realidade pessoal, o mundo caótico é este produto da sua parcela, porque o mundo é de certa forma sua criação própria.

Refletir nestas coisas não nos adianta posição alguma, mas nos prepara e incentiva a pensar e a agir melhor, buscando a bondade. Se você não vai/foi às ruas, não é estar nas ruas (local/imagem) que te fará contribuir, é o seu ato constante, diário, nas ruas da sua vida.

PORÉM, fato é que as ruas trazem algo de absolutamente diferente. Elas te conectam aos outros que estão ali ao lado, também no “caminho” (ou melhor, nos múltiplos caminhos, nos caminhos de cada um, ou no não-caminho). Elas te tiram do recanto protegido do Particular para te conectar ao “Público” que há muito se perdeu. Estar nesta vivência inevitavelmente te inspira, te motiva e acaba por te envolver. É como uma indução: pela EXPERIÊNCIA você gera SENTIMENTOS, gera PENSAMENTOS, gera AÇÕES que estimulam a transformação pessoal, a tal da reforma íntima. Isso representou alavanca para muitos dos que foram às ruas, não só falando de Brasil, mas no mundo todo.

Mas, preste atenção, a transformação não depende de necessariamente estar nas ruas, se você não pode, não se sente seguro, ou não quer, ela só inevitavelmente te levará para as ruas nalgum momento. Ou melhor, ela inevitavelmente te levará de encontro às pessoas. Ela inevitavelmente te fará buscar muito mais a convivência com todo e qualquer outro-humano, porque a gravidade do seu Mundo vai se amplificar, o amor é gravidade. São atitudes em favor do outro, por mais pequenas que elas sejam, que importam!

O processo já se iniciou, mas não espere um dia chegar, não tente pintar o Futuro, não queira ser capaz de o prever exatamente pois isso iria fatalmente estragá-lo! Não espere, aja! Esperar só se for pelo inesperado!

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André Silva
O Construtor de Fluxos

Pensador, investigador e “filosofista”. Pesquisa a ciência, a consciência, o espírito, linguagem, cultura, redes, etc. Mestre em C.I. Instagram: @andrefonsis