A evolução sul-coreana

Apesar de um início frágil, o país aposta nas novas gerações para solidificar seu futebol feminino

Tadeu Chainça
O Contra-Ataque
4 min readJun 9, 2019

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Por Tadeu Chainça e Marcelo Audinino

Ji So-yun — Foto: Nike

Embora existam relatos de partidas de futebol feminino datadas do ano de 1949 na Coreia do Sul, só em 1990 que a Associação de Futebol da Coreia (KFA) decidiu formar uma seleção de futebol feminina, especificamente por conta da disputa dos Jogos Asiáticos daquele ano.

Pela baixa quantidade de mulheres que praticavam futebol, a KFA formou uma equipe com jogadoras de outros esporte, como basquete e vôlei, para a torneio. O resultado foram três derrota e uma vitória, garantindo o 5° lugar. A estreia do time foi contra o Japão, rival histórico, e terminou em 13 a 1 para as japonesas — maior derrota da história da seleção.

Em 1999, com o fenômeno da Copa do Mundo feminina, que caminhava para sua terceira edição, o governo decidiu investir em uma estrutura básica que possibilitasse a prática da modalidade. Foram incentivados times escolares, universitários e adultos e novos torneios.

No ano de 2001, ficou decidido que seria criada uma confederação independente do futebol masculino. A KWFF (Korean Women Football Federation), então, foi inaugurada como responsável pelo futebol feminino no país.

Da Ásia para o Mundo

No cenário futebolístico, a Ásia possui uma seleção campeã mundial — Japão — e países como a China, que costumam ir bem na fase de grupos. Após quatro participações seguidas das norte-coreanas (1999, 2003, 2007 e 2011), as vizinhas do sul participam de sua terceira edição, sendo a segunda seguida.

Em 2003, quando pela primeira vez participaram do evento, a trajetória do time, com certeza, não foi da maneira que era esperado. Após serem eliminadas sem marcar pontos e com um saldo negativo de 10 gols, marcando somente um, a seleção sul-coreana voltou a figurar entre as qualificadas no Canadá, em 2015.

Com uma participação melhor e a qualificação para a segunda fase, na época oitavas de final, a caminhada da equipe terminou após enfrentar uma seleção em ascensão e que viria a ser a sede da edição atual: a França.

Por mais que a derrota tenha vindo com um 3x0 sem muitas chances (o placar já era esse antes dos cinco minutos do segundo tempo), o crescimento da seleção coreana contou com a geração que venceu a Copa do Mundo Sub-17 (falamos disso mais a frente), contra o Japão, e a segunda participação consecutiva se fez possível em 2019.

Cenário comum no futebol sul-americano e europeu, a “exportação” de jogadoras sul coreanas para outros lugares ainda não ocorre em larga escala. Reflexo disso é a equipe base que foi para a Copa deste ano, onde a maioria atua no próprio país.

Uma exceção é a meia Ji So-yun, jogadora do Chelsea atualmente e quatro vezes eleita melhor jogadora da Coreia do Sul.

Ji So-yun em ação pelo Chelsea. Foto: Sky Sports

Uma de suas atuações mais marcantes na Inglaterra foi contra a equipe do Manchester City, líder do campeonato, em fevereiro deste ano. Após o fim do primeiro tempo terminar em 2x0 a favor das adversárias, Ji So-yun foi responsável pela recuperação da equipe londrina, fazendo os dois gols do empate, mas sem evitar a não classificação para a Champions da temporada seguinte.

Quanto à liga local, mesmo que não tenha tanta força ou seja muito reconhecida, as equipes sul coreanas já possuem em seus elenco jogadoras de outras nacionalidades de seleções mais conhecidas, como a meia brasileira, Luana, do KSPO Women Football Team, e a atacante, Bia Zaneratto, do Incheon Hyundai Steel Red Angels — atuais campeãs. Ambas as jogadoras estarão na França, defendendo a seleção canarinho.

Geração Dourada

No ano de 2010, a Coreia do Sul alcançou sua maior conquista no futebol feminino. Foi campeã do mundial sub-17, disputado em Trinidad e Tobago, tendo a atacante Yeo Min-Ji como artilheira da competição (8 gols) e escolhida como bola de ouro do torneio. Também garantiu, no mesmo ano, o 3° lugar no mundial sub-20.

Título da Copa do Mundo sub-17. Foto: FIFA

Os bons resultados da base sul-coreana indicavam que os próximos anos viriam a ser promissores. Porém, a responsabilidade não poderia ser apenas daquelas jogadoras. A seleção passava por um processo de transição entre gerações e isto lhes custou a não qualificação para a Copa do Mundo de 2011.

Passado este momento de adaptação, as sul-coreanas garantiram uma vaga para disputar a sua segunda Copa do Mundo em 2015. Hoje, a maior parte da seleção é formada pelas atletas que participaram dos feitos do sub-17 e sub-20 e que, com mais bagagem, buscam passar das oitavas-de-final e garantir o melhor resultado em um Copa do Mundo na categoria adulta.

O Grupo

A Coreia do Sul caiu no grupo A da Copa do Mundo de 2019 e já estreou com derrota contra a França, país-sede e favorita. Agora, deve pegar Noruega, time experiente e bem organizado, e Nigéria, seleção que se encontra no mesmo nível da sul-coreana.

  • 07/06 (sexta-feira) às 16h* — França 4x0 Coreia do Sul
  • 12/06 (quarta-feira) às 10h —Nigéria x Coreia do Sul
  • 17/06 (segunda-feira) às 16h — Coreia do Sul x Noruega

*Horário em Brasília — DF (BRT)

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Tadeu Chainça
O Contra-Ataque

Jornalista, fã de esportes, animes, cultura, idiomas e café. Só um desses não me faz mal