Alemanha é uma das favoritas na França — e desconhecidas em casa
Após sofrer com preconceitos da Federação Alemã, seleção cresceu mesmo sendo estranha em seu próprio país
Desde a década de 1930, o futebol feminino na Alemanha era praticado em clubes que já possuíam torneios, mesmo sem nenhum órgão que os organizasse de maneira profissional.
Em 1955, a prática do futebol feminino era proibida pela Federação Alemã, com o argumento de que o esporte tiraria a “graça feminina” e levaria a danos físicos e psíquicos. Essa situação obrigou as mulheres a buscarem formas “clandestinas” de ainda jogarem sem o mínimo de apoio e recorrendo a entidades e clubes não reconhecidos.
Somente em 1970, o esporte de forma, de fato, profissional, veio a existência. Porém, com pouco apoio e reconhecimento, além de ter normas sem sentido, ainda baseadas na prerrogativa da graça feminina e dos danos. As bolas deveriam ser mais leves e as chuteiras não poderiam ter travas, por exemplo.
Apesar da semelhança com o que foi visto no Brasil, o sucesso das alemãs é inegável quando falamos de títulos. A Federação, que antes condenava as jogadoras ao ostracismo, investiu em campanhas de incentivo.
Duas décadas depois da regulamentação do futebol feminino, a entidade criou um projeto de estruturação do esporte, começando pela crianças e passando por todas as categorias de base.
Seleção vencedora
Desde então, a seleção alemã carrega em seu histórico uma quantidade invejável de títulos. Sua primeira competição oficial após a implementação do projeto já a levou, em 1991, ao primeiro dos títulos europeus que possui. Pelo ano da competição, é notável que ainda não era fruto do incentivo da Federação, mas demonstrava a qualidade das atletas do país, visto que, após esse troféu, vieram mais sete conquistas continentais.
Enquanto as categorias de base cresciam visivelmente — somente nos anos 2000, vieram as conquistas europeias sub-17 e sub-19 e a Copa do Mundo sub-20 — , as profissionais chegaram ao topo do mundo duas vezes consecutivas, em 2003 e 2007. Dessa forma, a Alemanha se tornou a equipe nacional mais temida naquele momento, batendo de frente com a já forte seleção americana.
Contudo, o ponto alto da evolução alemã não veio como foi esperado. As bi-campeãs sediaram a edição de 2011 da Copa do Mundo, tendo como alvo o posto de única seleção com três conquistas. O que começou como sonho, terminou como frustração: as alemãs não chegaram nem nas semifinais da competição.
O peso que a Alemanha carrega
No quesito esportivo, em 2019, a Alemanha se mantém como forte concorrente, ao lado dos Estados Unidos— atual campeão — e da anfitriã França. Por mais que a campanha como sede não tenha sido da forma planejada, no Canadá, em 2015, a seleção voltou a disputar as últimas fases. Ali, ela acabou vendendo caro o terceiro lugar conquistado pela Inglaterra.
No entanto, existe um outro fator fora dos gramados: o reconhecimento da população sobre as jogadoras. Por mais que tenham uma liga forte e contem com a participação em várias finais da Champions League, há uma aparente falta de interesse dos alemães. Essa situação problemática levou à criação de uma campanha divulgada pelo jornal The Guardian. No vídeo, as jogadoras questionam se todos sabem seus nomes.
As alemãs estrearam com vitória por 1x0 sobre a China, com um belo gol da meia Giulia Gwinn. Será que dessa vez elas irão faturar o tricampeonato?
Confira os jogos:
- 08/06 — Alemanha 1 x 0 China, às 10h* (Rennes)
- 12/06 — Alemanha x Espanha, às 13h* (Valenciennes)
- 17/06 — África do Sul x Alemanha, às 13h* (Montpellier)
*Horário oficial de Brasília.