Alemanha: a maior de todas?

O país, um dos mais constantes em copas do mundo, chega bem para mais uma edição

O Contra-Ataque
O Contra-Ataque
4 min readMay 8, 2018

--

Por Pedro Bulhões Camargo Kosa

Duzentos anos atrás, a Alemanha ainda não era um país unificado. Sua unificação só ocorreu em 1871, após o Tratado de Frankfurt, que pôs fim a guerra Franco-Prussiana. Desde então, a nação viveu momentos intensos, incluindo a participação em duas guerras mundiais, momentos de graves crises econômicas, ocupação por forças soviéticas, dois “Reichs”, e divisão do território em ocidental e oriental.

Apesar disso, uma das instituições que quase nunca se deixou abalar foi o futebol. Os alemães são uns dos mais constantes nas copas. Em 18 edições, foram campeões quatro vezes e vices outras quatro. Apenas uma vez deixaram a Copa na primeira fase, a única em que não ficaram entre os oito primeiros colocados na competição.

A história da seleção alemã começou por volta da virada do século XX, mas só se concretizou em 1908, com a criação da DFB (Deutscher Fußball-Bund), a Associação de Futebol da Alemanha. Sua primeira partida oficial foi contra a Suíça, no mesmo ano, em Basel. Os anfitriões venceram por 5 a 3. A história dos germânicos nas copas, no entanto, só começou em 1934 (em 1930, não viajaram para o Uruguai pois o país foi muito afetado pela crise de 1929). Na Itália, no momento governada por Benito Mussolini, a Alemanha, controlada pelos nazistas, conseguiu a terceira colocação. Em 1938, na França, não repetiram a boa atuação e acabaram eliminados na primeira fase. No mesmo ano, o governo Nacional Socialista de Adolf Hitler havia anexado a Áustria, e muitos jogadores foram forçados a jogar pela Alemanha. Outros se recusaram.

Depois desse período, no entanto, o futebol no país não teve muito mais tempo para o desenvolvimento, pois em 1939 eclodiu a segunda guerra mundial, e muitos jogadores tiveram de ir lutar. Passados 6 anos de conflitos, o país mudou drasticamente. As forças que controlavam o país foram derrotadas, e deram lugar a ocupação de soviéticos, no lado oriental, e de Ingleses, Americanos e Frances no lado ocidental. No âmbito esportivo, a Alemanha foi banida de competir em diversos esportes até 1950. Além disso, a seleção nacional foi dividida em três:

  • A Alemanha Ocidental, mantida pela DFB, foi reconhecida pela UEFA e FIFA, e herdou o desempenho da nação pré-guerra.
  • A Alemanha Oriental, dominada por soviéticos, criou a Deutscher Fußball-Verband der DDR (Associação de Futebol da RDA — República Democrática da Alemanha)
  • A seleção do Sarre de futebol durou de 50 até 56 e representou a pequena região de Sarre durante a ocupação francesa naquela parte do país germânico.

Em 1954, de volta aos gramados jogando uma Copa do Mundo, a Alemanha (Ocidental) retornou com o pé direito. Após passar por Turquia, Iugoslávia e Áustria, foram campeões em cima da grande geração húngara, de Ferenc Puskas e Nándor Hidegkuti, que até então, estavam 32 partidas invictos.

“Das Wunder von Bern” (“O milagre de Bern”)

O lado ocidental continuou tendo bom desempenhos ao longo das décadas, e venceram mais duas vezes antes da unificação: em 1974 (curiosamente, a única edição de uma copa em que as duas Alemanhas se enfrentaram) e em 1990, a última copa antes da reunificação. O quarto título só veio em 2014, mas nesses últimos 24 anos. De lá pra cá, alem do título na Copa, o país faturou uma Euro em 1996.

Imagem de confronto entre Alemanha Ocidental e Oriental no futebol

Entre o fim da década de 1990 e o começo dos anos 2000, a seleção passou por um período difícil, com diversas derrotas nas Copas. Os ventos começaram a soprar em favor com a entrada de Joachim Lcomo técnico, em 2008. Na Euro daquele ano, foram os vice-campeões, perdendo de 1 a 0 para a Espanha. A seleção foi crescendo de competição em competição, e isso culminou no episódio mais marcante da história das Copas: o 7 a 1.

O feito, seguido da conquista da Copa de 2014, fez com que o reconhecimento ao futebol alemão crescesse ainda mais. Hoje, são os primeiros colocados no Ranking da Fifa, e já são considerados em muitos lugares o maior país de todos os tempos na história do futebol (à frente até do Brasil). Mas por que a Alemanha é tão boa e constante no esporte bretão?

Segundo a Bundesliga, a liga profissional de futebol no país, existem diversas razões (link em inglês) que tornam a nação muito forte nessa prática: consistência, planejamento, mentalidade, treinamento entre outros. Mas tudo isso já se sabe. Resta saber agora se os alemães vão repetir essa fórmula que tem dado certo nos últimos anos para conquistar o penta campeonato e se tornar a maior nação da história do futebol de todos os tempos.

--

--