E se a Copa de 2018 tivesse 48 países?

Número de vagas vai aumentar oficialmente a partir de 2026

João Abel
O Contra-Ataque
5 min readJun 22, 2018

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48 seleções dos 5 continentes do globo. Disputando a Copa do Mundo em 16 cidades de 3 países diferentes. Esse é o provável cenário do mundial de 2026, que será jogado no México, Estados Unidos e Canadá. No último dia 13, a candidatura tripla venceu Marrocos em votação na sede da FIFA e ganhou o direito de sediar o torneio. O novo formato, com 16 nações a mais do que o atual, tem gerado uma série de polêmicas.

Último congresso da FIFA definiu a sede da Copa de 2026

A FIFA argumenta que é preciso ampliar a participação de países menos tradicionais no cenário internacional, promovendo um maior intercâmbio no futebol. Aqueles que são contra a proposta acreditam que o nível técnico da Copa vai despencar com a entrada de times com pouca (ou nenhuma) história em mundiais, além de tirar a competitividade das eliminatórias.

Como é hoje

Atualmente, as 32 vagas são divididas da seguinte maneira: uma vaga automática para o país-sede, 13 seleções europeias, 5 africanas, 4 sul-americanas, 4 asiáticas e 3 centro e norte-americanas. Além de duas vagas para repescagem disputadas entre quatro times (um da Oceania, um da América do Sul, um da Ásia e um América Central e do Norte).

Como vai ficar

Com o aumento de 50% na quantidade das seleções, a nova divisão proposta pela FIFA daria o seguinte número de vagas diretas: 16 para a Europa, 9 para a África, 8 para a Ásia, 6 para a América do Sul, 6 para a América do Norte e Caribe e uma para a Oceania. A repescagem teria duas vagas disputadas por seis times. Até agora, não há uma definição clara de como será a distribuição das vagas para essa repescagem, que seria uma espécie de ‘mini-hexagonal’, disputado no segundo semestre de 2025.

Resolvemos, então, fazer um exercício hipotético e imaginar como seria a Copa atual, na Rússia, se houvessem 48 vagas em disputa. Para isso, foram consideradas as melhores campanhas de seleções que não se classificaram em suas respectivas eliminatórias. O resultado você confere a seguir:

EUROPA

Com 14 seleções na atual Copa (13 pelas eliminatórias + a Rússia como país-sede), o velho continente ganharia duas vagas a mais.

Uma delas cairia no colo da tetracampeã mundial Itália, que, assim, não passaria a vergonha de ter ficado fora da Copa. E a outra ficaria com a Irlanda do Norte. As duas fizeram as melhores campanhas entre as seleções que não garantiram vaga.

A Holanda, outra ausência bastante sentida, ficaria de fora mesmo com o aumento.

Com 48 vagas, Buffon teria a chance de disputar sua sexta Copa do Mundo

AMÉRICA DO SUL

Outro que poderia comemorar um lugar no mundial seria o Chile. Os atuais bicampeões da Copa América ficaram em sexto nas eliminatórias da Conmebol e, caso houvessem as seis vagas, carimbariam o passaporte para a Rússia. O Peru, que terminou em quinto, nem precisaria passar pela repescagem.

Com cinco representantes na atual Copa, a América do Sul ainda ganharia um sexto representante: o Chile

AMÉRICA CENTRAL E DO NORTE

No hexagonal final das eliminatórias da CONCACAF, todo mundo sairia ganhando. Além do México, Costa Rica e Panamá, os Estados Unidos, Honduras e até Trinidad & Tobago estariam na Copa.

Fora da Copa da Rússia, Estados Unidos serão uma das sedes em 2026

ÁFRICA

O continente africano seria o maior beneficiado, saltando de 5 para 9 vagas. Não só os primeiros colocados de cada grupo das eliminatórias se classificariam, como também os quatro melhores segundos lugares.

Assim, países como Uganda e Burkina Faso estreariam em Copas do Mundo, ao lado de República Democrática do Congo e Costa do Marfim.

Tradicional africana, a Costa do Marfim disputou três Copas seguidas: 2006, 2010, 2014. Mas ficou fora em 2018

ÁSIA

Seleções pouco tradicionais também teriam chances no continente asiático. Entre eles, um país em guerra: a Síria. No atual formato, os sírios passaram por uma repescagem interna e acabaram derrotados pela Austrália, mas, com oito vagas, estariam garantidos.

Uzbequistão e Emirados Árabes Unidos também.

Síria e Austrália disputaram repescagem asiática no fim de 2017, com vitória para o ‘Socceroos’

OCEANIA

Atualmente, a Oceania é o único continente que não tem vaga direta à Copa. A Nova Zelândia, campeã das eliminatórias teve de passar por uma repescagem intercontinental contra o Peru e saiu derrotada, perdendo a chance de ir ao mundial. Com o novo formato, os neozelandeses estariam dentro.

Última participação da Nova Zelândia foi em 2010, na África do Sul

REPESCAGEM

Além das 46 vagas diretas (45 das eliminatórias + uma do país-sede), ainda seria preciso preencher mais dois postos, definidos em um mata-mata de seis equipes. A FIFA ainda não deixou claro qual seria o critério para essa repescagem, mas a maior possibilidade é de que seja feito um minitorneio com uma seleção de cada confederação e as duas melhores se garantam. Se assim fosse na atual Copa, Grécia (Europa), Paraguai (América do Sul), Guatemala (América Central), China (Ásia), Zâmbia (África) e Ilhas Salomão (Oceania) brigariam pela vaga.

Tentando crescer no futebol, a China não conseguiria classificação direta mesmo com 8 vagas para a Ásia (teve apenas a 9ª melhor campanha nas eliminatórias)

Vale lembrar que este é um levantamento hipotético. Com as 48 vagas, o formato de boa parte das eliminatórias deve mudar e isso pode mexer ainda mais com a geopolítica da bola. Fica a reflexão: aumentar o número de países é um forma de inclusão ou um exagero?

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João Abel
O Contra-Ataque

jornalista, autor de ‘BICHA! homofobia estrutural no futebol’ e coautor de ‘O Contra-Ataque’