Nova janela de transferências prejudica times pequenos e pode acabar com campeonatos estaduais

Anúncio da CBF fixa janela de transferências do Brasil dos dias 11 de janeiro a 7 de março e dos dias 10 de julho a 2 de setembro

Raphael Dafferner
O Contra-Ataque
3 min readNov 13, 2023

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Buda Mendes/Getty Images

Por Raphael Dafferner

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) fixou, nesta quinta-feira (9), os dias da janela de transferências para o ano que vem. Com a determinação da CBF, a janela brasileira passa a ser dos dias 11 de janeiro a 7 de março e dos dias 10 de julho a 2 de setembro. Assim, o período que permite os jogadores mudarem de clube passa a coincidir com o da Europa.

A mudança ocorre após alguns clubes da Série A — como o Palmeiras, o Fortaleza e o América MG -, contestarem as datas antigas, que estavam em vigor desde 2022. A justificativa é que a janela prejudicava os times brasileiros em relação aos europeus. Isso porque, durante a janela de meio de ano, antes da mudança, os clubes brasileiros tinham até o início de agosto para realizar contratações, enquanto os europeus, até setembro. Assim, muitos atletas se transferiam de times brasileiros para clubes europeus no meio de agosto. Mas como a janela já estava fechada no Brasil, os antigos times desses atletas ficavam sem poder repor as peças.

Adson, ex-Corinthians, foi contratado pelo Nantes, da França, no meio de agosto desde ano (Foto: Divulgação Nantes)

Se, na janela do meio do ano, a mudança é boa para os times de Série A, na janela que abre no início da temporada no Brasil, os clubes de menor expressão, os atletas desses times e os campeonatos estaduais acabaram sendo os grandes prejudicados.

Agora, com a mudança, a janela se encerra antes do fim dos estaduais. Dessa forma, as tradicionais contratações que clubes grandes faziam, trazendo os destaques dos times menores nos estaduais, muito provavelmente vão deixar de existir.

Santos contratou Bruno Mezenga junto ao Água Santa após o fim do Campeonato Paulista de 2023 (Foto: Divulgação Santos)

Neste novo modelo, a contratação de Crystian Barletta, que foi do São Bernardo (SP) para o Corinthians, e as de Bruno Mezenga, Gabriel Inocêncio e Luan Dias, que saíram do finalista do Paulistão de 2023, Água Santa, para o Santos, não ocorreriam.

Com a mudança, os times menores, como é o caso do Água Santa e do São Bernardo, deixam de fazer vendas importantes para a saúde financeira do clube. Os jogadores desses times, que usavam os campeonatos estaduais como vitrine para pular de um clube de terceira ou quarta divisão para um de primeira divisão, também saem prejudicados.

Os estaduais, como o Paulistão, deixa de ter uma de suas principais funcionalidades, que é a de proporcionar justamente essa vitrine aos clubes menores e seus atletas.

Assim, não tem como não se questionar sobre o futuro dos campeonatos estaduais. Esses torneios tão tradicionais que já foram considerados os mais importantes nos anos dos clubes antigamente e que estão perdendo cada vez mais espaço, podem acabar de vez com a perda da sua principal função.

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