O mais novo título chileno: a democracia!
De dentro para fora de campo, o futebol ajuda a fortalecer a democracia chilena
Por Sofia Aguiar
Finalmente os chilenos conseguiram, por meio de recorrentes manifestações e um ansiado plebiscito, a mudança de sua constituição, a qual foi imposta durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973–1990). E não faltaram motivos para comemorar a conquista: a nova carta política do país deverá ser elaborada por um órgão de cidadãos especialmente eleito — formado por metade homens e metade mulheres.
No futebol, a constituição opressora também teve poder. Para vergonha dos torcedores do Colo-Colo, o clube era o time do coração do ditador. Em seu mandato, interferiu na gestão e se autonomeou “presidente de honra” do clube.
O estádio foi usado como campos de tortura, deixando uma forte influência, que torcedores e jogadores sempre quiseram deixar para trás.
Pinochet deixou mais de 3000 mortos e desaparecidos e, desde o fim de seu regime, foram inúmeras as campanhas e protestos feitos para apagar esse marco sanguinário na história do clube e do país.
Vale lembrar que, no início do ano, a torcida organizada do Colo-Colo, “Antifascistas De La Guerra Blanca”, foi contra a possível contratação de Felipão, pois o técnico brasileiro fez infelizes comentários elogiando Pinochet, em 1998 para uma entrevista a Radio Jovem Pan. "Pinochet fez muita coisa boa", afirmou o atual técnico do Cruzeiro.
"Graças a Deus ele não veio", declarou o ex-diretor do Colo-Colo, Daniel Morón.
Com a vitória conquistada (25), essa mesma torcida organizada se manifestou comemorando o triunfo de sua luta pela democracia chilena.
“Estamos colocando um fim na constituição mais miserável que um povo já foi submetido. A única forma de continuar a obter vitórias que conduzam à construção de uma sociedade mais justa é a unidade, a organização constante e a mobilização permanente.”