PODCAST: Futebol de rua e representatividade

Maria Tereza
O Contra-Ataque
Published in
4 min readSep 26, 2018
Jovens de 20 países reunidos para jogar bola: esse é o fútbol callejero (Foto/Site oficial do Mundial de Futebol de Rua)

Não restam dúvidas de que o futebol faz parte da cultura brasileira. Ainda que algumas pessoas não se interessem muito pelo esporte, de algum jeito ele acaba influenciando a vida todo mundo no nosso país. E uma dessas maneiras de envolvimento com a sociedade é o futebol de rua.

É muito difícil pensar na infância e não lembrar das crianças jogando bola na frente de casa, especialmente quando se trata da periferia. Para falar sobre a importância dessa prática, no #OCA10, os contra-atacantes Pedro Gomes, Dora Scobar e Maria Tereza entrevistaram Vandrigo Magalhães, coordenador da Rede Paulista de Futebol de Rua, e Mariana, uma das mediadoras e representante internacional do coletivo.

O projeto nasceu em 2015, da parceria entre a Ação Educativa com a Fundación Futbol para El Desarollo (FuDe) e com apoio e mediação da Terre Des Homme (TDH). Unidas a movimentos e organizações sociais de direitos humanos, elas iniciaram a implementação e expansão da metodologia do “Fútbol Callejero” (futebol de rua, em espanhol) nas periferias de São Paulo.

Essa metodologia foi criada pelo ex-jogador argentino Fabian Ferraro na década de 90 e é baseada na mediação, solidariedade e inclusão. A partida é dividida em três tempos: no primeiro, são estabelecidas as regras em conjunto, no segundo, a bola rola e no terceiro, são contabilizados os pontos. Nesse momento os jogadores dialogam sobre os valores.

Uma característica importante dessa metodologia é que não há um juiz apitando o jogo e os times são mistos.

Aqui não importa sua idade, gênero, sexo ou etnia: todos jogam (Foto/Site oficial do Mundial de Futebol de Rua)

“Esse futebol não abrange só a questão do homem e da mulher. Já tivemos a participação de pessoas trans, pessoas com deficiência, então é diverso. É um futebol que está aí para todo mundo participar. Também é muito importante as mulheres poderem fazer parte desse espaço ao lado deles […], protagonizar, terem a possibilidade de participar… Os meninos precisam fazer essa desconstrução. É legal você participar com as meninas e não só no futebol, mas também entender as necessidades, o porquê de muitas coisas, outros temas entrarem em debate. Ou seja: você começa a entrar o universo do outro e a entender que ele não é tão distante.”

Mas como o projeto envolve as pessoas dos bairros periféricos? De uma maneira em simples: os mediadores que auxiliam nas partidas são jovens da própria comunidade — como a Mariana. Ao estabelecer lideranças naquele meio, todos os moradores sentem os efeitos positivos causados tanto pelo esporte como pelos valores trabalhado nesta metodologia.

O Brasil nos campeonatos

Brasil foi campeão da Copa América de Futebol de Rua em 2015 na casa dos nossos hermanos (Foto/Site oficial Copa América de Futebol de Rua)

A cada quatro anos, acontece o Mundial de Futebol de Rua. Vandrigo contou o evento era vinculado a FIFA e acontecia no mesmo país sede da Copa do Mundo. Porém, em 2012, a organização decidiu romper com a entidade máxima do futebol devido aos problemas que eram deixados para trás nesses países.

“Após algumas discussões, nós vimos que o grande propósito da metodologia, que era o protagonismo juvenil, dar a esses jovens a oportunidade de ter uma formação na parte da mediação e outras coisas que a gente coloca como primordial a partir do futebol, não estavam sendo respeitadas. Afinal, o grande legado que a FIFA estava deixando nos países por onde passava eram dívidas com a população e isso não ia ser muito diferente aqui no Brasil.”

Em 2014, o mundial ocorreu em São Paulo e contou com a participação de 300 jovens de 20 países, tendo a Colômbia como campeã. No ano seguinte, a Argentina recebeu a Copa América de Futebol de Rua, onde o Brasil levou a taça.

Onde encontrar mais informações sobre o Fútbol Callejero e a Rede Paulista de Futebol de Rua

Ouça o programa:

--

--

Maria Tereza
O Contra-Ataque

Jornalista formada pela PUC-SP, são paulina e fã do Adam Sandler.