Imagem: Acervo O Globo

100 anos sem medo

O Contra-Ataque
O Contra-Ataque

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Por Gabriel Paes

“Compre o Didi do Fluminense, o resto eu garanto”, disse João Saldanha ao ser questionado pelo presidente do Botafogo, em 1957, sobre o que precisava para ser campeão, quando este o convidara para ser o treinador da equipe.

As convicções de cada treinador são frequentemente apontadas e, na maioria das vezes, brutalmente criticadas pela imprensa. João também era Jornalista — formado em Direito — , em um momento em que o futebol era menos tático e mais jogado, na prática. Saldanha provou seu brilhantismo ao levar o Botafogo ao título carioca de 1957, tendo Didi como o pilar da equipe campeã.

É possível definir o frenesí causado pelo encontro de duas lendas? Quando Nelson Rodrigues o apelidou de “João sem medo”, diante do destemido ranzinza magrelo, o Jornalismo brasileiro eternizou uma das figuras mais emblemáticas de sua história.

Dentre esquivas e censuras do regime militar, João seguiu firme como um dos líderes comunistas do Brasil e surpreendeu ao aceitar o cargo de treinador da Seleção, em 1969. Foi o responsável por montar o plantel que seria tricampeão do mundo em 1970, com Zagallo no banco de reservas.

Quando o General Médici sugeriu a convocação de Dario, jogador do Atlético Mineiro, o então treinador da seleção foi categórico:

“Nem eu escalo Ministério, nem o presidente escala o meu time. Você está vendo que nós nos entendemos muito bem”

Autor de alguns livros, muitos artigos e diversas colocações geniais sobre futebol e política, João jamais deixou de lado uma das maiores virtudes de um jornalista: sua lúcida opinião.

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