Primeira Pele lança Manifesto e Manual Anti-Racismo no Esporte
Lançamento foi tema do episódio #40 do podcast d’O Contra-Ataque
O Projeto Primeira Pele, em parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, lançou seu Manifesto e o Manual Anti-Racismo no Esporte, com o objetivo de “colocar atletas negros no protagonismo das discussões e tomadas de decisão sobre o racismo no país”.
Em seu primeiro podcast de 2021, O Contra-Ataque entrevistou o idealizador do projeto, Rafael Rocha Garcia. Você pode escutar o episódio completo no Spotify:
Rafael é fisioterapeuta da equipe de basquete do Corinthians e começou a fazer encontros virtuais com atletas e profissionais do esporte pretos e pretas em 2020, durante a pandemia. As conversas abordavam as vivências de pessoas pretas na luta, natação, dança, basquete e outras modalidades.
A primeira pele do @rafael_rochagarcia é Preta
#AtletasUnidosContraORacismo #PrimeiraPele”
“Aqui no Brasil os atletas acham que só podem falar de racismo se estudarem, se lerem algum livro. Isso é o que mais me assusta. Pode ser que não tenhamos um conhecimento teórico da situação, mas o racismo é uma questão comum que todo mundo sofre e você não precisa estudar nada para falar sobre. Isso é o que afasta os atletas da militância: querer colocá-los dentro de uma caixa e dizer que devem fazer isso ou aquilo. Durante a pandemia, acho que essa construção coletiva sem regras pode ser a saída para discutir isso. O Primeira Pele não tem intenção de ser o primeiro e nem o único, quero fazer parte de um processo. Que daqui um ano, dois anos, surja uma evolução disso num processo mais sofisticado. É uma questão que deve ser discutida a todo momento”.
Manual Anti-Racismo no Esporte
O Manual Anti-Racismo no Esporte (baixe aqui) instrui e contribui para o reconhecimento de casos de injúria racial e racismo, a diferença entre os dois termos juridicamente e sobre como denunciar. Também conta com exemplos de casos comuns no esporte, maneiras de recolher provas contra esses crimes e contatos para denúncias.
Rafael contou que, assim que a ideia surgiu, ele já procurou Marcelo Carvalho, diretor do Observatório de Discriminação Racial no Futebol, por saber que ele tinha todos os dados e o histórico para saber se essa era uma tese prática e se realmente existia essa demanda.
Com o parecer positivo do diretor, Rafael procurou advogados que estavam interessados no assunto. "Toda a parte técnica do manual foi feita por eles, que entendem do assunto na teoria e na prática. Depois desse processo de construção, trabalhamos na questão prática e gráfica do assunto para ser de fácil compreensão para todos", relatou.
"Agora, com o lançamento oficial do projeto, a gente quer fazer chegar pela maneira mais fácil atualmente, que são as mídias sociais, com os encontros, as lives e tudo mais. Então, a ideia é que seja um manual de consulta e ao mesmo tempo, que atue na outra ponta da situação, de proteção. Um manual muito mais de conhecimento, mas também de proteção, se precisar usar você sabe o que fazer e por onde seguir” .
No dia 21 de março de 2021, Dia Internacional do Combate à Discriminação Racial, o vídeo manifesto foi divulgado no YouTube e no Instagram do Primeira Pele, onde está a lista dos assinantes do manifesto. São atletas e profissionais do esporte de diversas áreas e modalidades.
Todos os conteúdos do projeto estão disponíveis no site http://primeirapele.com/
Relatórios Anuais da Discriminação Racial no Futebol
Colaborador do Manual do Anti-Racismo no Esporte, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol monitora ocorrências de discriminação racial, LGBTfobia e xenofobia no futebol e em outros esportes. Além disso, atua na conscientização de clubes e profissionais do futebol brasileiro sobre racismo e antirracismo desde 2014.
Com organização do jornalista Marcelo Carvalho e Débora Manera, o Relatório Anual de Discriminação Racial no Futebol registrou um aumento nas ocorrências no Brasil de incidentes raciais nos estádios, na internet e em outros espaços nos últimos anos.
Em 2017 foram 43 casos, em 2018 foram 44 e em 2019 foram 59. O boletim de 2020 ainda não foi divulgado. Confira os relatórios.
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