Quem liga para o esporte?

Veja as propostas de cada candidato para o esporte brasileiro

Tadeu Chainça
O Contra-Ataque
6 min readOct 3, 2018

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Por Gabriel Paes, Henrique Sales Barros e Tadeu Chainça

Ninguém aguenta mais árbitro despreparado, jogador passando fome nos clubes e atletas da seleção olímpica que mal dispõe de material para um bom treino. Mas você sabe quem dá jeito nisso? O cenário esportivo do país começa no plano de governo do nosso presidente —que, às vezes, pode nem ser cumprido.

Dia 7, nós precisamos de consciência na hora de votar: não adianta ficar mais 4 anos reclamando das bases podres que temos no esporte brasileiro, como a CBF, todas as federações estaduais, controladas por oligarquias; e no fim se comover antes do almoço de domingo com alguma matéria na TV que mostra uma criança comendo mal, mas ainda sim jogando nos clubes pequenos por aí, pois o clube e a escola são os lugares onde eles se alimentam.

Um país não se constrói apenas com propostas políticas e econômicas. Do contrário: os únicos setores que todos nós visamos, durante os outros 3 anos além do eleitoral, são cultura, lazer e esporte.

É preciso ter em mente que o esporte, mesmo que não seja de alto nível e com o intuito de criar futuros medalhistas ou campeões mundiais, serve para a melhora da qualidade de vida e ensina o respeito que boa parte do povo perdeu ao longo dos últimos anos.

Pensando nisso, O Contra-Ataque deu uma olhada no plano de governo dos principais candidatos à presidência. Daí em diante, é com você leitor:

Jair Bolsonaro (PSL)

O presidenciável não apresenta qualquer tipo de proposta relacionada ao esporte. Controvérsias a parte, o candidato já se mostrou favorável a prática da caça esportiva em vídeo ao lado de um filiado à Associação Nacional de Caça e Conservação em Rio Verde, no estado de Goiás.

Confira o plano de governo completo de Jair Bolsonaro aqui.

Marina Silva (Rede)

Candidata pela 3ª vez consecutiva, a ex-senadora propõe a criação de espaços públicos destinados às práticas esportivas a cada 10 mil habitantes. Ela bate na tecla da ocupação das vias públicas: será a volta do futebol de rua?

Apesar de mostrar preocupação com o esporte, principalmente para as crianças, nas escolas, a candidata é ensaboada na hora de apresentar as metas e cita “apoio”, mas não dá garantias:

  • Apoiaremos os municípios com mais de 100 mil habitantes a implantarem ciclovias, pistas de corridas e caminhadas, que interliguem os espaços residenciais e os comerciais, bem como a implementação de políticas que favoreçam o uso de vias públicas para a prática de atividade física.

Confira o plano de governo completo de Marina Silva aqui.

Fernando Haddad (PT)

O petista propôs criar a Universidade do Esporte, que visaria a formação de profissionais voltados a toda cadeia produtiva relacionada ao esporte como gestão, saúde, pesquisa e criação de políticas públicas para a área. No seu plano de governo o candidato ainda diz que, por meio do BNDES, implementará o Programa de Modernização da Gestão do Futebol, onde alinharia investimentos para melhoria da gestão e incentivos fiscais para os clubes brasileiros.

Em entrevista ao diário Lance!, o candidato propôs a criação de um Sistema Único do Esporte, que seria semelhante ao Sistema Único de Saúde e definiria qual seria a responsabilidade do governo federal, dos estados, dos municípios e das entidades desportivas, visando o desenvolvimento do esporte nacional como um todo.

Confira o plano de governo completo de Fernando Haddad aqui.

Ciro Gomes (PDT)

O candidato do PDT apresenta um plano de governo robusto, com 62 páginas, muitas delas voltadas para o lado econômico e social. Porém, a parte destinada ao esporte é somente encontrada na 53ª página, estruturada em três tópicos, relacionados aos jovens. O tamanho que o assunto ocupa no plano é minúsculo, perto do conteúdo geral. Confira os tópicos completos de Ciro Gomes:

Em relação ao acesso ao esporte e lazer:

  • Desenvolvimento de programas de incentivo ao esporte, como iniciativas regionais e o Bolsa Atleta;
  • Implementação e qualificação do esporte nas escolas como ferramenta de entretenimento e amparo dos jovens estudantes;
  • Promoção facilitada do acesso à cidade e espaços de lazer para que os jovens possam viver a cidade em sua plenitude

Confira o plano de governo completo de Ciro Gomes aqui.

Guilherme Boulos (Psol)

Boulos dedica 9 das 228 páginas para o esporte, sendo que existem 56 menções à palavra em todo o programa. Associando as práticas esportivas ao lazer, o presidenciável afirma a necessidade da profissionalização do meio, junto com a integração de raça, sexo, gênero e identidade. É o único que fala do futebol feminino.

Ele diz que irá democratizar as federações, inclusive a CBF, e auditar as respectivas contas. Ainda, fala sobre os direitos de transmissão de imagem na televisão. Além de finalmente discutir o calendário tosco da CBF.

Dentre os principais pontos do extenso plano, constam:

  • Garantir apoio institucional e incentivo financeiro ao futebol feminino;
  • Romper com a política de conciliação com a cartolagem dos clubes, federações e confederações esportivas (CBF, COB e federações);
  • Auditar as contas das entidades esportivas e democratizar as federações (CBF, COB e federações);
  • Defender a regulamentação da negociação coletiva e centralizada da venda dos direitos de transmissão televisiva e que a distribuição dos pagamentos: 50% divididos igualitariamente entre todos os clubes, 25% baseados na classificação final do Campeonato anterior (o campeão recebendo 20 vezes mais o valor que recebe o último classificado) e 25% variáveis de acordo com o número de jogos transmitidos na televisão, como medida para combater a desigualdade da distribuição de tais recursos.
  • Transformar Ministério do Esporte em Ministério do Esporte e Lazer;
  • Promover jogos, torneios e lazer para a Terceira Idade, como forma de garantir a intersecção entre esporte e saúde, ampliando o PELC (Programa de Esporte e Lazer na Cidade) e estimulando a organização e o reconhecimento de núcleos comunitários e seus atores locais;
  • Implementar o Programa Nacional de fabricação de equipamentos e materiais esportivos: as Fábricas Sociais de Esporte e Lazer;
  • Promover a discussão acerca da reforma do calendário do futebol brasileiro e da organização de seus campeonatos estaduais, regionais e nacionais de maneira a constituir um verdadeiro sistema de competição nacional.

Confira o plano de governo completo de Guilherme Boulos aqui.

João Amoêdo (Novo)

O candidato é o único debutante dentre todos os outros e jamais tentou um cargo político. Em seu plano de governo moderno, o liberal não cita nada em específico para o esporte e ainda enfia cultura e ciência no mesmo saco. Ele não cita como pretende criar investimentos e sua proposta é tão simplista que nossa análise ficou maior:

  • Novas formas de financiamento de cultura, do esporte e da ciência com fundos patrimoniais de doações.

Confira o plano de governo completo de João Amoêdo aqui.

Geraldo Alckimin (PSDB)

O tucano apostou mais no marketing dessa vez e fez um plano de governo todo picotado, mas dedicou 3 páginas (1 meramente introdutória) para o esporte brasileiro. Falando muito em meritocracia e repasse de benefícios conforme o rendimento, ele não é contundente em nenhuma proposta, dizendo apenas que pretende “apoiar” as medidas:

  • Alterar a lei de incentivo ao esporte no sentido de incentivar e facilitar o aporte financeiro empresarial, sobretudo em projetos de longo prazo, desde o esporte de base até o de alto rendimento.
  • Fortalecer o desporto militar, incentivando os programas de alistamento de atletas pelas Forças Armadas.
  • Adotar rating das entidades esportivas de alto rendimento para recebimento de recursos públicos.
  • Promover diagnóstico do atual sistema do desporto universitário, com vista à criação de uma sólida cultura do esporte nas universidades e ao desenvolvimento de sua estrutura.
  • Criar um modelo de esporte em centros de detenção de menores infratores, aliado à formação técnica educacional.

Confira o plano de governo esportivo de Geraldo Alckimin aqui.

Cabo Daciolo (Patriota)

O candidato do PATRIOTA apresenta um plano bem econômico no número de páginas, com apenas 17. Em nenhumas delas o assunto de esportes ou práticas desportivas é tocado. Glória a Deus…

Confira o plano de governo completo de Cabo Daciolo aqui.

Henrique Meirelles (MDB)

O emedebista, candidato do — até hoje — interino Michel Temer, conta com 21 páginas em seu plano de governo e não cita nada sobre os esportes ou suas práticas. Mas se engana quem acha que o Meirelles é só mais um velho conservador: o presidenciável já declarou que é favorável à legalização da maconha.

Confira o plano de governo completo de Henrique Meirelles aqui.

Álvaro Dias (Podemos)

Em seu “plano de metas”, como ele mesmo o identifica na capa, não existe citação alguma para o esporte.

Confira o plano de governo completo de Álvaro Dias aqui.

O Contra-Ataque deseja informar o leitor sobre os planos de cada presidenciável para o esporte brasileiro e reitera a importância política do futebol para a sociedade.

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Tadeu Chainça
O Contra-Ataque

Jornalista, fã de esportes, animes, cultura, idiomas e café. Só um desses não me faz mal