Futebol se discute sim!
A convenção social que proíbe o debate sobre esse assunto reflete o fanatismo que o circunda
“Religião, Futebol e Política não se discutem”
É só mais uma das frases que são utilizadas para mascarar os problemas da sociedade. Os três assuntos são os que mais causam fanatismo e, consequentemente, conflitos. Por quê não evitá-los? Certo? O “não-debate” gera ignorância, e por não entender o que a outra pessoa pensa, ela acaba se tornando um inimigo. Infelizmente, essa situação se reflete no futebol, onde a rivalidade se torna uma guerra.
O futebol é espelho da sociedade
No último dia 6, um tijolo foi arremessado contra o ônibus da delegação do Santos em Buenos Aires após a partida de ida das semifinais da Libertadores. Ainda não se comprovou se os vândalos são torcedores do Boca Juniors, mas as circunstâncias nos levam a acreditar que eles sejam. Qual é o sentido de tal ataque? É evidente que nada justifique a violência, mas qual seria a intenção desse apedrejamento? Seria punir o time santista por ter jogado melhor que os xeneizes e arrancado um empate em La Bombonera? Ações burras e descontroladas, como o ataque ao ônibus, são características desse tipo de fanatismo.
Seria menos pior se esses casos fossem acontecimentos raros ou casos isolados, mas, infelizmente, esse tipo de coisa é recorrente e por que esses problemas não são resolvidos?
No caso do ataque ao ônibus do Santos, a CONMEBOL (orgão responsável pelo futebol sul-americano) já teve que lidar com uma situação semelhante e as medidas tomadas foram vergonhosas.
Na final da Libertadores de 2018, o ônibus do Boca Juniors foi apedrejado por torcedores do rival, River Plate. O que foi feito? O jogo foi transferido para a Espanha. Essa medida, além de não punir os torcedores, feriu a história da competição e a memória daqueles que lutaram contra os colonizadores espanhóis em favor da independência da América do Sul e foram homenageados com o nome da competição, Libertadores da América.
Dessa vez, a CONMBEBOL não surpreendeu e decepcionou de novo. Até o momento, nenhuma atitude foi tomada. Pelo contrário, a entidade ameaçou punir o Santos por conta de alguns fogos que foram soltos nos arredores da Vila Belmiro, enquanto o tijolo arremessado não foi nem comentado.
Essa “punições”, além de vergonhosas, são brandas demais para esse tipo de vandalismo. Quantos ônibus serão depredados e quantas pessoas serão feridas até que alguma providência efetiva seja tomada?
Estamos em 2021 e não há espaço para esse tipo de violência dentro do mundo do futebol. Até quando teremos que assistir alguns clássicos de casa? A junção de duas torcidas dentro do mesmo estádio é parte do espetáculo do futebol.
Por fim, qual seria a graça do futebol se apenas existisse um time que vencesse sempre? O gosto da vitória só é doce pois conhecemos o amargo da derrota. O FlaFlu, o Derby Paulista, o BaVi e o GreNal não seriam grandes clássicos se existisse a soberania de um dos lados.
