Rivellino: “O futebol mudou. Hoje se corre mais e se pensa menos”
O ex-jogador conversou com O Contra-Ataque sobre sua carreira, as conquistas e questões sobre o futebol mundial.
Cria da base do Corinthians, Roberto Rivellino fez história no futebol mundial. Com seus 74 anos ele já acumula uma série de títulos importantes. Entre eles, o tricampeonato mundial do nosso esquadrão de 70, considerada a maior e melhor seleção de todos os tempos, juntamente com Pelé, Jairzinho e Carlos Alberto e comandada por ninguém mais, ninguém menos que Zagallo. Atualmente, é comentarista esportivo na TV Cultura e no Esporte Interativo no programa “Noite de craques”. Além de jogar no Parque São Jorge, atuou no Fluminense e no Al-Hilal da Arábia Saudita. Foi rejeitado pelo Palmeiras nas categorias de base. Pô Palmeiras, perdeu hein?
Batemos um papo com ele sobre os assuntos mais relevantes da sua carreira e do futebol mundial. Com um carisma de outro mundo, podemos ver porque ele é ídolo mesmo. Confira a entrevista abaixo.
Você se tornou ídolo no Corinthians e no Fluminense. Oque te marcou nessas passagens?
Os dois foram muito importantes em minha vida. O Corinthians foi onde eu nasci e me criei. Joguei quase 11 anos lá, tenho um carinho e uma adoração enorme por ele. Já no Flu, foi a fase mais difícil da minha vida. Eles vieram me buscar e fui bicampeão carioca. As passagens foram fantásticas, maravilhosas e tenho adoração eterna por eles.
Antes o futebol era bem mais disputado e os times tinham muito potencial. Quais as dificuldades de jogar nessa época?
O time do Santos era o mais difícil e tinha o Palmeiras também. Os times tinham muita qualidade, eram fortes. Para ser campeão nessa época, tinha que ter muito mérito e raça. No Brasileiro tinha o Botafogo, o Inter… O time tinha que ser unido para conquistar a vitória.
Você foi campeão mundial com a melhor seleção já vista na história. O que isso significa para um jogador?
É o auge do jogador, é tudo que o atleta profissional mais espera. Eu sou privilegiado porque, se analisar a quantidade de jogadores que existem no mundo, poucos são campeões de Copas do Mundo e eu sou um deles. Para mim, isso foi o máximo, uma das coisas mais lindas da minha vida. E ainda joguei na considerada melhor seleção de todos os tempos.
Quem você acredita que seja o jogador brasileiro mais importante hoje?
Para mim, é o Neymar, sem dúvidas. Ele é importante, temos que incentivar e acreditar nele. Ídolo.
O que o futebol brasileiro precisa mudar para alcançar o futebol europeu?
Um monte de coisas, aí fica difícil. É a tabela, a arbitragem horrível, qualidade do jogador que não me agrada muito… Tem que ter um calendário mais humano. Os times viajam muito, não têm um descanso. Aqui, ninguém se preocupa com isso. O interesse é no próprio time, no dinheiro, não olham pro lado para ver no que o nosso futebol precisa mudar.
O que faltou na seleção do 7x1?
O 7x1 foi uma vergonha, nunca imaginei que isso poderia acontecer na minha vida. Eu nem sei o que falar, acho que esquecemos de 50. Apesar que 50 também foi uma decepção e essa foi a maior vergonha do nosso futebol. Vai ser difícil apagar, essa mancha nunca vai ser esquecida, infelizmente.
Alguém joga ou jogou parecido como você?
Cada um tem uma característica, uma maneira de jogar. É difícil encontrar jogadores que atuam da mesma forma, ainda mais que o futebol mudou bastante. Hoje se corre mais e se pensa menos.
Quem você acha que será o nome da conquista da medalha de ouro nas próximas Olimpíadas?
Todos ajudaram na conquista inédita. O Neymar, nem se fala. Bateu o último pênalti e se consagrou. O Luan entrou, tem um toque final bom e também foi importante, me surpreendeu.
*Os jogos olímpicos que iriam acontecer no mês que vem, no Japão, foram adiados por conta da pandemia consequência do vírus covid-19.
