Você se lembra da sua primeira Copa do Mundo?

Maria Tereza
O Contra-Ataque
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3 min readJul 8, 2019

Foi em 2002. Nasci no penúltimo dia de 95, então tive a sorte de a primeira Copa do Mundo que tenho lembrança ser a do penta brasileiro.

Me lembro de acordar no meio de algumas madrugadas para assistir aos jogos, já que a Copa era do outro lado do planeta (achava isso o máximo e ate acreditei que seria assim em toda Copa). Me lembro de pintar o rosto de verde e amarelo com os batons coloridos que minha tia comprou em uma loja qualquer de 1,99. Me lembro de chegar atrasada na festa junina da minha escola, já que decidiram marcar o evento no mesmo dia da final. Me lembro da peruca azul do Marcos, da carta de amor que minha prima escreveu pro Kaká, da roda de oração no meio do campo, do Cafu levantando a taça.

É uma das lembranças mais gostosas que guardo.

Mas não é dessa Copa do Mundo que decidi lembrar hoje.

Comecei a pesquisar sobre futebol feminino uns 2/3 anos antes por causa de um freela pra um site e não parei mais. Declarei meu amor pelas Sereias da Vila, fucei os buracos negros da Internet pra achar informações, comecei a conhecer as jogadoras, fui ver jogo no estádio, fiz minha estreia n’O Contra-Ataque falando sobre a final da Libertadores de 2017. Enfim, passei pelo processo normal de quem começa a gostar de alguma coisa.

Mas nunca tinha, de fato, assistido a uma Copa do Mundo.

Foi em 2019. Naquele ano, cobri um evento grande como jornalista esportiva pela primeira vez. Com a minha credencial, fui ao lançamento regional da camisa da seleção brasileira. A primeira feita exclusivamente para as nossas jogadoras.

Em 2019, eu já não era mais criança e precisava trabalhar. Infelizmente, não liberaram os funcionários na firma para ver os jogos da amarelinha. Mas que se dane irmão, eu parava o que estava fazendo e prestava atenção na TV da redação. E se o jogo não era do Brasil, sem crise: fone no ouvido e transmissão online no canto da tela do computador.

Lembro dos golaços da Cristiane. Lembro do recorde de gols entre homens e mulheres batido pela rainha Marta. Lembro da última vez que Formiga disputou uma Copa. Lembro dos estádios lotados na França. Lembro da festa da torcida holandesa, da animação das jogadoras sul-africanas, do choro da técnica tailandesa. Lembro da narração de gol do Luís Roberto que ignorou o VAR (e acertou!), lembro de todos os jornalistas que voltaram suas atenções para as mulheres nas mesas redondas, lembro dos comentários sobre o evento no Twitter.

Lembro de ouvir meus vizinhos gritando gol.

Lembro de me emocionar com Megan Rapinoe dizendo verdades para o presidente dos Estados Unidos e se posicionando ao não cantar o hino do país.

Lembro de ver minha tia, uma mulher, que sempre fez questão de dizer o quanto odeia futebol feminino porque “mulher jogando é feio”, assistindo não só os jogos do Brasil. Torcendo por todas as mulheres.

Você lembra da sua primeira Copa do Mundo? Então, não deixe ela ser esquecida.

É uma das lembranças mais gostosas que a gente pode guardar.

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Maria Tereza
O Contra-Ataque

Jornalista formada pela PUC-SP, são paulina e fã do Adam Sandler.