Dia da Independência

yurif
O EXPRESSO
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2 min readSep 7, 2016

Em meio aos desfiles militares e aos bares do bairro cheios de gente,

é feriado porque há 194 anos um português disse que éramos independentes e nós acreditamos.

nas ruas hoje, do rio da prata até o marajó, as pessoas andam como sempre:

trabalham, jogam e assistem futebol, querem saber das novidades,

mas há algo que deixa as cabeças mais baixas,

os bolsos estão mais vazios,

há menos emprego,

dizem que há crise.

as pessoas gritam por ali,

as pessoas gritam por aqui,

mas bem baixinho, para não sentir o tal cheiro de fumaça.

afinal, quem gritou alto perdeu o olho,

teve criança que sumiu por algumas horas porque

estava indo só gritar.

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O mesmo português escreveu uma música para o que disse,

“Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil”.

Nas tantas indas e vindas dessa tal liberdade…

ando percebendo que o Brasil vive num inverno,

quando sentimos o sabor da manhãzinha de emancipação,

caem as bombas e já anoitece.

Tudo mudou, meu irmão, minha irmã,

e enquanto eles, de terno e vestido longo, tilintam as garrafas de champanhe e jogam as bitucas de seus charutos nas nossas cabeças,

o povo perde o emprego e perde a liberdade e perde o salário e ganha o prato vazio e a miséria de presente, dada, de mão beijada

a gente tem que gritar, tem que gritar, tem que gritar. vamos ter que gritar, gritar, gritar, afinal, sem querer, o português deixou escapar, no dia da independência:

ou ficar a pátria livre

ou morrer pelo Brasil.

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yurif
O EXPRESSO

às vezes eu fico bebado e com vontade de escrever