Juros
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1 min readJul 25, 2016
Acontece que nada, nada é meu.
Nem o sentimento, nem as cordas do violão.
Tudo que escorre de mim é doação ao mundo,
Tudo que está ainda aqui preciso devolver ao dono.
Fumo os cigarros que a natureza me concede,
Mas só concede, não dá.
Rodopio pelas tuas pernas e percebo
Que elas são tuas e eu nada tenho a ver com elas.
Esta casa em que vivo é mero aluguel,
Os olhos que me deram um dia serão devolvidos à cegueira,
Emprestei as paixões, vendi tudo o que não tenho pra pagar as dores.
Nada tenho e nem almejo ter, afinal, estou em dívida eterna com esse mundo.