A Marcha dos cretinos
Thor Batista, dezessete de março de dois mil e doze. Ciclista morto. Thor Batista, dezenove de fevereiro de dois mil e quinze. Absolvido.
Houve, pouco tempo atrás, uma PEC (Pedido de Emenda Constitucional) solicitando a mudança no trato de crimes cometidos por menores, onde cidadãos com dezesseis anos completos passariam a responder como adultos na realização de práticas abusivas ou atos atentatórios ao correto.
Rejeitada em primeira instância, a medida foi aprovada no dia seguinte após manobra feita pelo então Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Crime. Pra quem?
Capitalismo. Bens de consumo. Dinheiro. A sociedade atual, dividida em classes, sofre — em todas elas. Sofre o topo da cadeia, que almeja cada vez mais; sofre o reprodutor, que é uma marionete; e sofre o telespectador, que com água na boca espera o próximo capítulo da piada social.
Encarcerar jovens é adiar o problema, jogá-lo pra debaixo do tapete — especialidade dos grandes, bem sabemos. Afinal, é muito mais fácil prender do que disponibilizar os serviços que prometeu quando homologou o Estatuto da Criança e do Adolescente. Serviços esses que têm por função a integração do jovem a sociedade; sua saúde, desenvolvimento psíquico, atividades de lazer, respeito, cultura, proteção: em suma, coisas essenciais na formação de um cidadão de bem.
Reduzir a maioridade penal não vai, acho que todos sabem, resolver o problema de segurança do nosso país (não acredito que alguém realmente creia que cercear as já poucas opções de futuro de um jovem o colocando ao lado de criminosos maiores, onde o índice de reincidência é de 70% vá fazer com que a taxa de crimes -em algum momento- diminua. É, na melhor das hipóteses, ingenuidade; na provável, cretinice). Medidas sociais o farão. Educação e oportunidade o farão. Quebra de preconceitos e paradigmas sociais o farão. No entanto, isso interessa a quem?
Reduzir a maioridade penal é colocar preto e pobre na cadeia. Mais preto e pobre na cadeia. É mais uma medida criada pelos grandes para resolver o efeito, e não a causa. É claro, eles não são suicidas.
Só os grandes -os que são e os que acreditam ser- riem dessa piada.