O que você precisa saber sobre o #BrExit.

Arthur Mello
O EXPRESSO
Published in
4 min readJun 24, 2016

Hoje o mundo acordou economicamente quebrado. Todas as bolsas do mundo estão em queda. O Dólar subiu em todas as nações. O prelúdio de uma nova crise econômica mundial rola graças ao #Brexit.

Ontem, o resultado de um referendo feito pelo Reino Unido anunciou a decisão popular de retirar o país da União Europeia.

Quando e por que começou essa sacanagem?

A capa do The Sun: Acreditar na Inglaterra é sair da União Europeia

A terra da Rainha entrou em 73 no bloco econômico. Apesar de deleitar dos privilégios aduaneiros e decisões políticas, os bretões preferiram, por uma questão econômica, não aderir ao Euro, moeda da UE.

Vocês lembram que em 2008 o mundo entrou em uma Crise Econômica Mundial, que começou lá nos Estados Unidos e acabou fodendo todo mundo?Então, é mais ou menos aí que o problema começa. Os países menos industrializados da UE, como Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Grécia foram à bancarrota e começaram a depender do bloco econômico para continuar existindo e mantendo seus serviços públicos.

Para não deixá-los sangrar, como disse Angela Merkel, desde 2009, remessas milionárias de empréstimos foram dadas aos países, que cederam às medidas de austeridade da União Europeia. O resultado: os países da crise continuam endividados e atrasando os pagamentos.

Além disso, a crise de refugiados de 2014–5 foi também pouco benéfica para o Reino Unido. Teve que abrir-se para as cotas propostas por Angela Merkel, que teve a Germânia superlotada de imigrantes. Dessa maneira, ficou com a terceira maior remessa de islâmicos em suas terras.

Let’s take back control: o Make America Great Again britânico.

A UE e o Reino Unido tentaram renegociar o desequilíbrio fiscal, mas o acordo simplesmente não surtiu efeito. Foi aí que o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, puxou sua campanha pelo “Let’s Take Back Control” (Vamos tomar o controle novamente).

Seu discurso encantou os ingleses, dizendo que traria novamente as fronteiras, o dinheiro, o orgulho nacional, a segurança, enfim, tudo! Boris conseguiu a vitória através do método Trump. Quase num “Make Britain Great Again”, a saída da União Europeia ganhou. Esse plebiscito evidenciou uma enorme diferença entre as gerações na Inglaterra. Claramente quem votou para a medida do Gugu Liberato britânico passar não foram os jovens e são eles quem realmente terão que viver os resultados disso. Quem votou para a saída foram, obviamente, os mais velhos e conservadores tomadores de chá.

E não acaba por aí, óbvio.

A renúncia de James Cameron é um símbolo da instabilidade política que bate à porta do Reino Unido

As bolsas de valores estão desoladas. Tóquio teve uma queda de quase 8%. Madrid e Milão estão caindo a 10%. O Ibovespa Futuro apontou queda de 5% na Bolsa de São Paulo. Por que?

Para a Inglaterra, isso é uma merda. Os mercados de comércio se reduzem, o país tem que se reorganizar para a crise econômica que vem: sem parceiros econômicos, o comércio se reduz, os impostos aumentam, a inflação vem, o desemprego sobe. Por isso mesmo, o premier inglês James Cameron renunciou ao cargo de chefe de governo. Ele sabe que uma crise econômica vem aí; e sua saída indica uma crise política também. Mas nada disso foi feito atoa, tal qual no House Of Cards brasileiro, todas essas medidas foram feitas por além de um interesse econômico, mas também um interesse político por traz. Boris Johnson tentará se eleger com a saída de Cameron, e provavelmente conseguirá com a maioria que tem no Congresso. Daí o que já começa a ficar complicado para a classe trabalhadora ficará ainda mais…

O abandono do Reino Unido representa uma crescente nacionalista na Europa. Após a crise de refugiados, um sentimento de orgulho nacional vem se unindo com políticas de extrema-direita na Europa.

Para a economia mundial isso também é uma merda: a redução do livre comércio implica em capitalismos mais nacionais, menos especulação internacional, menos livre-comércio e uma consequente desaceleração no capital global, reduzindo investimentos e produzindo uma provável crise econômica mundial novamente.

A Aurora Dourada Ucraniana, partido de extrema-direita que ganhou força após a Crise de 2008. Eles também são a favor da saída do país da UE.

A francesa Marine Le Pen, a alemã Beatrix von Storch e o holandês Geert Wilders são representações populares claras e perigosas de uma crescente conservadora na Europa. Em todas as grandes nações europeias, a extrema-esquerda e a extrema-direita se unem contra o inimigo comum da “Europa Unificada”. Os comunistas estão pela “luta contra o capital internacional” e outros pela “perda da identidade nacional”.

Essa potencial derrocada econômica e política na União Europeia e no Reino Unido apontam para uma nova crise econômica mundial: a segunda em menos de dez anos. E não estamos prontos para isso: tanto o Brasil, em recessão profunda, quanto o mundo todo. Ou seja, todo mundo se fodeu.

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