Você renasce todos os dias

Este texto é dedicado à Telma Aparecida Simões Martins, minha mãe

Paulo Victor Ribeiro
O EXPRESSO
2 min readAug 11, 2016

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À esquerda, minha mãe. À direita, minha mãe; 07/11/2013, RIBEIRO, Paulo

Onze de agosto de mil novecentos e sessenta e três;

Onze de fevereiro de mil novecentos e sessenta e quatro.

Seu passado é tão obscuro quanto o futuro, com uma versão em cada esquina, tendo passado pelo Carmo, pela Praia Grande, por Tiradentes, pela Carmosina.

Eu não sei se te conheço, mas sei que me conheço, e que, graças a deus, sou um reflexo de sua construção. Tenho muito orgulho disso.

Você é guerreira. Aguerrida, melhor dizendo. Batalhadora.

Você é um amontoado de coisas que acredita e que viveu, mas você é, acima de tudo, o que você se propõe a ser hoje. Você renasce todos os dias.

Você renasceu dia dezesseis de junho de mil novecentos e noventa e nove, junto comigo;

Você renasceu dia dezoito de junho de dois mil e dez, quando sua ultima filha, Mycaella, nasceu;

Você renasceu dia sete de novembro de dois mil e treze, quando, após compreender que a unica coisa que importa são vocês, se casou legalmente com o amor da sua vida, com quem há tempos está junto, Elza Januaria Martins, minha -contudo, contudo- querida tia.

Deixe-me aproveitar esse dia para fazer agradecimentos. Eu quero te agradecer por não desanimar, e também por desanimar às vezes e me mostrar que eu não tenho que ser forte cem por cento do tempo. Mas mostrar também que, forte ou fraco, eu tenho que cumprir o que me propus, assim como você fez criando seus quatro (agora cinco) filhos.

Sabe, eu lembro do caminhãozinho de bombeiro, e isso é muito especial pra mim. E lembro da pista de carrinhos, e do video game que você se fodeu pra pagar, mas me deu. Essas coisas são importantes, estão guardadas. Mas eu quero te agradecer, mãe, pelas coisas que não me lembro -diariamente, pelo menos.

Eu esqueço de te agradecer por me ouvir todo santo dia contando, por horas, cada detalhe de tudo que aconteceu. E de te agradecer por ajudar cada plano maluco que tenho. E por me cobrir. E por fazer a comida que gosto quando tenho a oportunidade de comer em casa. E por me esperar chegar do trabalho acordada só pra saber se está tudo bem.

Obrigado, mãe. Por me formar um homem, por construir uma relação familiar transparente, por estar aqui e por ser quem você é.

Eu te amo, Telmão.

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Paulo Victor Ribeiro
O EXPRESSO

cachaceiro, debochado e jogador. repórter freelancer de qualquer veículo legal.