Parte 1 — virando a louca das suculentas sem ter o dedo verde

Eu nunca fui a louca das plantas. De todos os apelidos possíveis que eu poderia receber, Garota do dedo verde seria o último da lista. E não foi por falta de influência: mamãe tem uma criação de orquídeas e de vez em quando fugia para o Ceagesp de manhã cedinho para caçar plantas. Mas eu nunca tive essa paciência para cuidar delas.

Um dia mamãe trouxe uns cactos para mim e para minha irmã. Coloquei os meus na prateleira do quarto e vez ou outra eu lembrava da existência deles. Aí colocava um pouco de água e esquecia de novo do bichinho. Acontece que, sendo um cacto, ele não morria. Resistia, resistia e resistia.

Aí uma vez ela trouxe um arranjo com mini-suculentas. Achei uma graça. Eram duas, cada uma dentro de um vasinho de barro todo decorado e os dois vasinhos dentro de uma caixa de madeira pintada. Coloquei na prateleira do quarto e, assim como os cactos, esqueci de cuidar. Vez ou outra eu molhava e elas resistiam bravamente.

(Spoiler alert: no final elas morrem)

Depois disso tudo, ainda ganhei, em maio do ano passado, um vaso de suculentas na academia. Elas estavam meio tronchas, mas decidi que ia cuidar delas. Nesse momento, eu já estava começando a perceber que talvez existisse uma planta que fosse à prova de Amanda.

(Spoiler alert: essas suculentas estão vivas até hoje. Uma até foi parar no arranjo que fiz para uma amiga)

Aí eu decidi, por conta própria, comprar mais algumas e descobri que o meu quarto não era o melhor ambiente para criá-las. Elas precisavam de bastante luz, eu li na Internet, embora a luz direta do sol nem sempre fosse boa para elas.

(Spoiler alert: queimei uma suculenta inteira por causa disso. Tenham cuidado com o sol nas suas suculentas)

Passei a levá-las na varanda para tomarem uma luz e a comparar mais uns vasinhos. Eu estava maravilhada com aquelas plantas que pareciam que nunca iam morrer. Mesmo depois que aquelas primeiras suculentas, as dos potinhos de barro, morreram em um acidente trágico (elas caíram, quebraram e eu ainda não sabia que mesmo assim dava para revivê-las), não desisti da minha criação.

E ela realmente virou uma criação. Passei a comprar várias e transplantá-las para outros vasos, depois para outros arranjos, depois de novo para outros vasos porque me dava siricutico e eu queria mexer de novo nas minhas suculentas. E eu lia cada vez mais, lia sobre criar um berçário com as folhas que caem (hoje ele está superlotado), li sobre suculentas estioladas (elas esticam para procurar luz e não voltam ao formato original), li sobre o fato delas criarem raízes novas E ISSO EU ACHO MUITO MÁGICO: você corta o caule da suculenta e nascem novas raízes! Li muito sobre elas e sempre cheguei à conclusão de que é um desafio e tanto matar uma dessas plantas.

Acabou que criei a Suculentas da Mandy para fazer e comercializar arranjos. Assim, pude juntar a inquietude de sempre querer mexer nas suculentas com a necessidade de ganhar uma graninha, afinal, escrever baboseiras na Internet até hoje não me ajudou a ficar rica.

O primeiro arranjo a gente nunca esquece

Outro dia um amigo querido me chamou pelo mensageiro do Facebook para elogiar os arranjos e disse que eu tenho o dedo verde. Achei graça e quis responder que a verdade é que eu achei uma planta que sobreviva a mim. Mas também fiquei pensando em outra coisa: será que eu realmente estou aprendendo a cuidar das prantinhas com todo amor e carinho e daqui a pouco dou uns passos maiores nessa coisa de ter o dedo verde? Fica a dúvida para a Amanda do futuro responder.

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