A mensagem confusa de Druk — Another Round(Mais uma rodada.)

Marcel Silva Gervásio
The Halo
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3 min readApr 14, 2021

Na tentativa de animar um amigo, quatro professores se envolvem numa experiência envolvendo álcool que visa melhorar suas interações sociais e até mesmo suas performances no trabalho. Misturando comédia, dramas existenciais na meia idade e problemas com álcool, Druk tenta abordar um assunto cercado de moralidade em nossa sociedade, mas acaba falhando em entregar o equilíbrio prometido.

Conhecido por trabalhos como A casa e Festa de Família, Thomas Vinterberg se alia a Tobias Lindholm no roteiro e assume a direção dessa dramédia que chegou ao Brasil no dia 25 de abril e já está disponível para aluguel digital. O filme é um dos cotados à estatueta de melhor filme estrangeiro.

Em Druk, Vinterberg e Tobias usam quatro amigos para explorar uma nova perspectiva da nossa relação com o álcool e o que de início parece ser uma comédia sobre beberrões aos poucos começa a ganhar novas nuances.

Mesmo não sendo uma pessoa que costuma beber, filmes que sempre usam de dependências no geral para criar tensões dramáticas acabam me afastando um pouco, principalmente por conta da mensagem moralista que carregam em si.

Tendo Martin e sua dificuldade em se conectar com os alunos como estopim da experiência, Vinterberg parece exaltar uma vida mais despretensiosa, entendendo a substância como ferramenta desinibidora que torna a vida dos personagens mais felizes até.

Mas como é de se esperar, as doses diárias de álcool aumentam e os personagens se veem no caminho do alcoolismo. Isso era previsível e eu esperava que a abordagem acontecesse em algum momento do filme, porém, talvez por conta da perda pessoal do diretor no início das gravações ou por vontade vontade deixar o filme mais palatável ao público americano, o diretor faz a transição para o drama de forma truncada, caindo muitas vezes no clichê.

A previsibilidade trazida por essa mudança de tom não me incomoda e sim a superficialidade em que o tema acaba sendo tratado. Enquanto Martin desenvolve problemas familiares à medida que a bebida se apodera de sua personalidade, os outros personagens acabam ficando de escanteio.

Tommy sofre com as maiores consequências do alcoolismo. Mesmo sendo um personagem menor eu acabei gostando que essa carga não tenha caído no personagem de Mads Mikkelsen transformando o filme em mais um de vários que tratam de abuso de álcool.

Mas a piora de Tommy é muito sutil para mim e quando eles precisam marcar isso para não restar dúvidas quanto sua condição, as escolhas do roteiro acabam parecendo mais um merchan social de uma novela da globo com nenhuma naturalidade que era carregada por quase todo o filme.

Com boas atuações, em especial Mads Mikkelsen, Druk é um bom filme que cria uma atmosfera leve ao mostrar nossa relação complexa com o álcool. Mas o filme tropeça ao introduzir elementos batidos quando tenta debater a problemática do alcoolismo. Apesar de suas contradições, o filme entrega sua mensagem que se torna um pouco confusa no terceiro ato. Mesmo sendo um bom filme, na minha opinião não vai garantir a estatueta de melhor filme estrangeiro.

Nota 2,5/5.

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Marcel Silva Gervásio
The Halo

A Brazilian guy trying to be a good writer (Escritor em formação).