Alone: Ultrapassado antes mesmo da estreia.

Alone é um curioso caso de filme onde a nova versão chegou nos cinemas antes mesmo do original.

Marcel Silva Gervásio
The Halo

--

Adam acorda sozinho em seu apartamento, o que deveria ser um dia comum se transforma num pesadelo quando ele descobre que uma estranha doença se instalara e que deixar aquelas paredes não é uma escolha segura.

Alone, como vários filmes que envolvem isolamentos e pandemias, foi capturado pelo clima de 2020. Dirigido por Johnny Martin e escrito por Matt Naylor, o filme chegou à distribuição on-demand no dia 16 de outubro, mas até o momento não está disponível em nenhum streaming aqui no Brasil.

O filme conta com Tyler Posey e Donald Sutherland (The Undoing) no elenco e teria chances de bombar entre os fãs de Teen Wolf se não fosse por um pequeno detalhe, Alone saiu depois da sua versão coreana estrear na Netflix.

#Alive é a versão coreana de Alone que estrou na Netflix em setembro e foi muito bem recebido pelo público.

O mundo das histórias de zumbi não é o assunto que mais me interessa no universo da ficção especulativa, raro poucos filmes como Zumbilândia e A Noite que devorou o mundo, ou a trilogia de livros A Passagem. Então quando vi o Trailer desse filme não me animei muito até que vi #Alive no top 10 da Netflix.

Aí meu espírito cricri falou mais alto e vi que era a oportunidade perfeita para fazer duas coisas que eu amo fazer: Falar mal de filmes e comparar coisas, então arrume a coluna, pegue um chá e vamos falar um pouco sobre filmes de Zumbi.

Assistir esses dois filmes é uma boa oportunidade para analisar como a visão de um diretor e um orçamento mais robusto podem mudar totalmente a versão final de um mesmo roteiro para o que vemos na tela. A versão americana e a coreana são essencialmente o mesmo filme, mas com o enfoque em dois objetivos diferentes, coisa que fica evidente com os títulos das produções.

Alone foca em mostrar como a solidão em momentos de introspecção, mesmo desistindo no meio do caminho, fica claro que existe uma forte inspiração em A noite que devorou o mundo que trabalha isso de um jeito melhor e mais interessante de se assistir.

Já a versão coreana, ainda que traga essa mesma essência, optou em focar na ação, sendo trabalhado para ser uma produção mais mainstream, e acaba funcionando melhor e transmitindo de maneira mais eficiente o que o filme original não consegue fazer.

O filme não conseguiu prender minha atenção por muito tempo, talvez pelas limitações como ator de Tyler Posey ou mesmo a direção fraca que não consegue decidir bem o tom da história, fazendo o primeiro ato não ser tão interessante quanto na versão de Il Cho.

Nem a bundinha do Tyler foi capaz de deixar a primeira parte da trama menos indigesta. Já Yoo Ah-In (Burning) que interpreta Oh Joon-woo convence melhor no papel, durante o primeiro ato onde o personagem sofre com a perda da família enquanto assimila a nova realidade é melhor trabalhada que na versão americana, que mesmo vendo Posey se empenhado para transmitir a dor do personagem, a versão coreana sai na frente com um diretor mais criativo nas formas de mostrar o personagem sofrendo e assimilando essa dor.

Poxa Tyler, não foi dessa vez.

Uma das diferenças claras entre as duas produções é a como eles encaram as personagens femininas. Em #Alive, Kim Yoo-bin tem um peso equivalente ao personagem masculino desde o momento que ela aparece em tela no segundo ato.

Mesmo aparecendo na trama da mesma maneira que Eva na versão original, a versão coreana desenvolve melhor a personagem.

Eva (Summer Spiro) é apenas uma ferramenta de roteiro para que Adam tenha um motivo para viver, isso até mesmo sai da boca do personagem que a encara como namorada depois de vê-la através da janela que ao contrário de Kim Yoo-bin que tem um papel ativo na história, além de evitar a morte de Oh Joon-woo. Eva apenas aparece na janela e Adam se apaixona por ela no instante seguinte depois de desistir de se enforcar.

Enquanto a relação dos dois na versão coreana é mais dinâmica e não tem necessariamente esse apelo romântico. Não vou nem comentar a escolha de nomes dos personagens americanos.

Se você quiser arriscar, eu te indicaria a versão coreana da Netflix ou até mesmo A noite que devorou o mundo, que já foi mencionada aqui.

Alone é um curioso caso de filme onde a nova versão chegou nos cinemas antes mesmo do original. Com uma direção fraca e atuações bem fraquinhas, o filme só é interessante se você quiser assistir para se perguntar como o Donald Sutherland foi parar ali. Se juntando a Now Apocalypse é um dos piores trabalhos de Tyler Posey desde o fim da série da MTV (Não que eu esperasse muita coisa dele).

--

--

Marcel Silva Gervásio
The Halo

A Brazilian guy trying to be a good writer (Escritor em formação).