In the Heights — Em um bairro de Nova York.

Marcel Silva Gervásio
The Halo
Published in
3 min readJun 23, 2021

In the Heights é uma adaptação de um dos primeiros sucessos de Lin-Manuel Miranda na Broadway, que alguns anos depois se tornaria um fenômeno com seu outro musical, Hamilton. Dirigido por Jon M. Chu diretor de Crazy Rich Asians, o filme teve uma estreia tímida nos cinemas americanos no dia 17 de junho e contou com Quiara Alegria e o próprio Lin-Manuel no roteiro.

Apesar da recepção morna nos cinemas, a produção tem feito sucesso entre a crítica especializada e os fãs de musical. O musical gira em torno de Usnavi, o dono de uma bodega perto dos trinta anos que economiza todo o dinheiro para conseguir realizar o sonho de voltar para o país natal dos falecidos pais.

Ao contrário de Hamilton, In the Heights é um musical mais tradicional que se apropria de algumas fórmulas do gênero muito bem, mas que não tem o ar de revolucionário que o primeiro traz.

Enquanto a história do homem por trás da nota de dez dólares usa um elenco de pessoas racializadas para contar de forma pop um capítulo da história racista e escravista dos Estados Unidos, In the Heights se concentra em falar sobre a importância da comunidade na vida de pessoas latinas em Nova York.

Anthony Ramos encarna muito bem o papel de Usnavi, eu não conheço muito o trabalho dele muito além do papel que ele fez em Hamilton, mas no geral ele está bem, o papel não exige uma carga muito grande de emoções e ele tem uma voz que casou bem com as canções do personagem.

Desiludido com sua vida como imigrante invisível nos EUA, Usnavi enxerga na sua terra natal a única forma de encontrar felicidade. Ele então tenta convencer Cláudia, sua abuela, a ir para República Dominicana com ele e seu primo Sonny. A matriarca porém saiu de Cuba na infância fugindo da fome e prefere continuar com sua vida simples naquele bairro do que mudar para um lugar onde sua vida seria ainda mais difícil.

Um destaque especial para Olga Merediz que tambem interpreta a mesma personagem no musical da Broadway e entrega as melhores um dos melhores numeros musicais do filme.

O filme não tem músicas muito memoráveis, enquanto escrevo esse texto estou ouvindo as versões do espetáculo e algumas músicas eu acabei gostando mais das versões originais. A direção de Jon M. Chu consegue compensar muito bem esse fato e entrega tudo o que esperamos de um bom musical com coreografias grandiosas com dezenas de dançarinos e todo aquele espírito latino que torna impossível se manter parado durante todo filme.

Um dos meus momentos favoritos do filme é o número de 96000, onde o diretor não economiza ao entregar o puro suco de musical em cada frame do número.

Mas como nem tudo é perfeito, toda trama envolvendo Usnavi e Vanessa é um pouco entediante. Com uma duração de quase duas horas e meia, In The Heights parece um pouco arrastado no final e isso chega a cansar um pouco, confesso que no meio do terceiro ato, eu posso ter pegado meu celular para conferir o Twitter umas três vezes.

In the Heights é um daqueles filmes que dão um quentinho no coração de um jeito que só musicais são capazes de fazer, com um bom elenco e uma trama coesa, entrega um bom entretenimento enquanto nos lembra como é bom sermos orgulhosos de nossas raízes. Por enquanto não existem formas legais de se assistir ao musical sem se aventurar nos cinemas nesse momento de caos, o filme estará disponível no HBO MAX que chega ao Brasil no fim deste mês.

--

--

Marcel Silva Gervásio
The Halo

A Brazilian guy trying to be a good writer (Escritor em formação).