Mais um Pedro

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2 min readDec 7, 2020

Músico e compositor potiguar Pedro Mendes lança Escute Aqui, primeiro disco em 30 anos

Foto: Luana Tayze

Por Hugo Morais

Quando se fala em Pedro Mendes, ou Pedrinho Mendes como é conhecido, é inevitável citar a música “Linda Baby”, considerada por muitos o hino não oficial de Natal. Pedro é de uma seleção de artistas potiguares que atravessaram gerações sem perder o brilho e chegou a era digital com Escute Aqui, disco que é um sucessor natural de Esquina do Continente (1987) e Um Pedro a Mais (1990). Os dois primeiros, aliás, gravados fora de Natal, já que na época estúdios de gravação eram artigo de luxo.

Nos três discos lançados, Pedro aparece como principal compositor. Mas Escute Aqui, lançado pelo DoSol, é o primeiro em que ele é integralmente responsável pelas letras. Nos anteriores, gente como Babau e Sueldo Soares assinam as letras em parcerias. A diversidade de estilos e influências também é vista facilmente nos lançamentos anteriores, podemos ouvir até um passeio ao Caribe através da dançante “De Natal ao Rio”.

Entre celebrações a Natal e a vida cotidiana que poderia ser de qualquer lugar, uma caraterística marcante nos discos é a exaltação da negritude. “Negro Professor”, em Um Pedro a Mais, e “Raça”, em Esquina do Continente, são exemplos disso. Outra característica é lançar pelo menos um clássico sempre. Aí cabem, as já citadas, “Linda Baby” e “Negro Professor” e “Alegres Meninos” conhecida pelo refrão “deixa cair o cheirinho da loló”, que remete aos antigos carnavais de rua.

Em Escuta Aqui, Pedro segue misturando influências e estilos e, como nos discos anteriores, homenageia Natal na faixa “Embaixo do Jambeiro” em um passeio pelo Barro Vermelho, tradicional bairro da cidade. Se nas letras Pedrinho é o único responsável, na construção das músicas as parcerias seguem. Khrystal abre o disco de forma dançante com “Acordo Doido”, Pau e Lata e Caio Padilha em “Tuca Menina Pobre”, e Eduardo Taufic em “Escute Aqui”.

Baião, Samba Reggae, Pop com Samba e o tradicional voz e violão marcam o disco. Entre tantos destaques, posso citar a bela homenagem ao filho Natan em música homônima, a instrumental repentista “Itaquatiara” e “Tuca Menina Pobre” que, se não fala abertamente sobre a negritude como nos discos anteriores, fala sobre as adversidades em atravessar na vida.

O disco teve participação de um time seleto de músicos, entre os quais Silvio Franco, Erick Firmino, Sérgio Farias, Ramon Gabriel, Antônio de Pádua, Bruno Sirino e Anderson Foca. A produção foi do DoSol (Anderson Foca e Yves Fernandes) em parceria com Pedro Mendes e Sérgio Farias.

A hora do lançamento é ótima. Pedro segue produzindo, e o disco não soa como homenagem.

Ouça Escute Aqui abaixo.

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