Wado está de volta apostando no minimalismo

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2 min readNov 11, 2020

O álbum A Beleza que Deriva do Mundo, Mas a Ele Escapa vem recheado de participações e traz diversas influências

Por Felipe Alecrim

Cada disco novo de Wado surge com uma nova sonoridade, tudo depende de para onde a inquietação criativa do artista o leva. Suas experimentações já passaram pelo Axé, Samba, Rock… Em A Beleza que Deriva do Mundo, Mas a Ele Escapa, lançado em outubro, e com produção assinada pelo próprio artista, a onda da vez foi o minimalismo instrumental.

Wado optou por fazer o disco inteiro sem elementos de percussão, marcantes em grande parte da sua discografia. O que não tira o brilho da obra ou a torna “chata”. A Beleza que Deriva do Mundo, Mas a Ele Escapa, durante sua estrada, tem toques de timbres acústicos com synths e elementos eletrônicos, presentes em algumas músicas, sempre de acordo com a necessidade do momento, na dose certa, na medida em que cada música pede e compõe tudo de forma simples.

O disco traz 12 faixas curtas — a maioria não chega aos 3 minutos. O que fica em destaque são as belas interpretações das letras, quase sempre divididas entre Wado e outros artistas. Apenas “Sereno Canto”, última música, tem somente ele no vocal. Mas as parcerias não são uma novidade na carreira do músico, aliás, esse foi um conceito do disco, ser feito entre amigos, novos e velhos.

A Beleza que Deriva do Mundo, Mas a Ele Escapa traz parcerias novas e antigas. Aprimeira faixa “Faz Comigo” tem a participação da cantora Flora, de quem Wado também participou e produziu disco lançado também em outubro. Outras participações são de velhos conhecidos do catarinense radicado em Alagoas, como Lucas Santtana, Zeca Baleiro, Otto, Zé Manoel, e Kassin. Ele também trouxe para esse álbum a nova geração alagoana, por meio de nomes como LoreB, Yo Soy Toño e Felipe De Vas. Participam ainda a cantora Cris Braun e Patrícia Ahmaral.

O álbum é singelo e doce nas suas músicas, Wado não procura passar a sua própria mensagem, mas que o ouvinte escute e interprete segundo suas próprias conclusões, portanto, não são letras de conceitos fechados. E até mesmo nas composições das músicas, em algumas delas, cede a maior parte dos vocais para os convidados.

É um disco que agrada logo na primeira audição; não é um álbum complexo ao ponto de fazer pensar e ouvir mil vezes para achar mil trechos escondidos. Está tudo ali, puro, simples e bonito. Não se pode dizer que é totalmente novidade, o artista já trabalhou discos com pegadas intimistas, mas é intenso e poético, nesse campo ele sabe trabalhar bem e sempre entrega ótimas coisas.

Ouça A Beleza que Deriva do Mundo, Mas a Ele Escapa abaixo.

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