Autonomia ou superficialidade: Qual o modo de aprender do brasileiro?

Jose Mello
O inovador brasileiro
2 min readFeb 12, 2016

Algo que achei intrigante nas minhas leituras sobre as nossas raízes indígenas é que os índios tupi-guaranis eram indivíduos bastante autônomos. Um índio aprendia desde criança a fazer de tudo um pouco, pois ele precisaria saber se virar na mata sozinho e sobreviver de forma independente. Então aprendiam a construir armas, a caçar, cozinhar, a reconhecer os animais e seus hábitos, e as plantas das quais podiam se alimentar e fazer seus remédios. Toda essa sabedoria popular era passada de geração para geração e assim foi se consolidando com algo intrínseco de sua cultura.

Ao ler esse trecho do livro do Darcy Ribeiro comecei a pensar sobre qual seria a influência desse modo de vida mais independente dos índios sobre a forma de aprendizado atual do povo brasileiro? Algo que eu tenho observado nesses anos como educador é a habilidade do brasileiro de saber de tudo um pouco e de se arriscar em novas atividades sem nenhum preparo prévio, adaptando-se conforme a necessidade e aprendendo o mínimo necessário para dar o próximo passo. E isso acontece independentemente do nível educacional das pessoas, o que me leva a pensar que talvez seja mesmo algo cultural a ser investigado nesse meu estudo. Um padrão comportamento comum nas organizações em que desenvolvi programas de cultura de inovação é das pessoas ignorarem conhecimentos já existentes dentro e fora da empresa a respeito de um determinado tema e tentarem criar "do zero" uma nova solução como se fosse algo novo, nunca antes pensado, ao invés de desenvolver algo sobre uma base de conhecimento já existente. E não fazem isso por acreditar que sua solução seria melhor que as dos outros, mas sim por nem passar-lhes pela cabeça que talvez já exista algum conhecimento explícito instalado a respeito daquele assunto.

Nunca estudei esse fenômeno a fundo, mas hoje me acendeu uma luz de que talvez eu devesse me aprofundar um pouco mais nessa temática. A percepção que tenho é de que, em nossa cultura, é comum aprendermos à partir da observação dos outros e da experimentação e talvez por isso todo brasileiro seja um pouco médico, mecânico, eletricista, construtor e alquimista.

Algumas reflexões ficam rondando a minha mente nesse momento são:
a.) Aprendemos mesmo de forma empírica ou é só uma percepção?
b.) Será que herdamos essa característica dos nossos ancestrais indígenas?
c.) Quais as vantagens e desvantagens desse modo mais "empírico" de aprender do brasileiro?

Se você tem alguma história que possa ilustrar esse tema, pensamento, estudo ou questionamento, compartilhe aqui nos comentários. Adoraria saber o que você pensa sobre esse assunto, pois o nosso modelo de aprendizado me parece ser peça determinante para desvendarmos o DNA de inovação do brasileiro.

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Jose Mello
O inovador brasileiro

Corporate innovator & Educator. Working in the crossroads of Technology, User Insights and Business Strategies to help companies thrive in the digital age.