Receber do exterior sem mistério

Thiago Hilger
6 min readFeb 7, 2017

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Para o tradutor (ou outro profissional) que queira não pagar tanta tarifa ao receber do exterior (parte 1 de 2)

Você trabalha para clientes do exterior? Você recebe seu trabalho em dólar ou euro (ou outras moedas)? Está cansado de pagar fortunas para trocar seu dinheiro nos bancos brasileiros?

SEUS PROBLEMAS ACABARAM!

Oba!

Não, não é propaganda, nem pirâmide, nem nada disso. Me acompanhem.

Eu trabalho quase que exclusivamente para clientes do exterior, todos agências. E cada um quer pagar de um jeito diferente. Para tentar atender a todos, eu acabei testando vários meios de pagamento do exterior, desde cheque até cartão de crédito. Então essa história tem duas partes: como receber do exterior e como transformar isso em reais na sua conta. Hoje vou falar do recebimento, a transformação em reais virá na segunda parte, provavelmente na semana que vem. Então vamos à lista de meios de recebimento, na minha ordem cronológica de descobrimento:

  1. PayPal: esta é a opção mais difundida para trabalhos pequenos. A taxa para recebimento é bem salgada, o PayPal cobra 7,4% do valor recebido e mais um valor fixo que varia por moeda (30 centavos em dólar, 35 centavos em euro). Para os associados da Abrates, como bem me lembrou a Kelli Semolini nos comentários aqui, a taxa é menor, de 3,99% e mais os 30 centavos de dólar.
    Vale a pena? Apenas como última opção, e preferencialmente para valores pequenos. Para valores maiores até as taxas bancárias brasileiras (geralmente mais de 100 reais) podem ser mais interessantes. A vantagem do PayPal é não exigir muita coisa no cadastro. É só criar a conta e sair usando.
    Fontes: https://www.paypal.com/br/webapps/mpp/paypal-fees e http://abrates.com.br/parceria-com-o-paypal/
  2. Cheque? Esta opção é bizarríssima, mas um cliente meu pagava por cheque dos Estados Unidos até metade de 2016. Eu encontrei outra opção melhor, mas é possível que eles ainda façam isso para alguns tradutores. Se você receber por cheque, o custo efetivo para receber é zero. O grande problema é que cheque não é dinheiro, é só um papel, e para trocar por dinheiro, o buraco é MUITO mais embaixo. Não existe a opção “ir ao banco” com cheques estrangeiros (ou melhor, existe, mas é tão caro quanto receber direto na conta bancária, talvez até mais). A solução é recorrer a uma corretora de câmbio, que vai acabar cobrando taxas.
  3. Payoneer: esta opção sim começa a valer a conversa. O Payoneer funciona como um agregador de meios de pagamento, porque o cliente pode pagar até no cartão de crédito, se quiser, e o dinheiro entra na sua conta Payoneer. Se o cliente tiver uma conta Payoneer também, melhor ainda, taxa zero para tudo. Se não tiver, a melhor opção funciona como transferência bancária e taxa é de só 1% para receber valores em dólar (observação importante: transferências bancárias americanas têm duas opções, Wire Transfer, e Automated Clear House — o Payoneer aceita apenas a ACH). Caso o cliente queira pagar no cartão de crédito, essa taxa sobe para 3%. Valores em euro não têm taxa nenhuma na transferência bancária (e também não têm nenhum segredo ou tipo de transferência) e a taxa é de 3% no cartão, como no caso do dólar. Para quem trabalha bastante com clientes de fora, vale super a pena. A única “pegadinha” é que se você quiser um cartão de crédito do Payoneer, para poder gastar seu dinheiro sem transferir ele diretamente para uma conta bancária brasileira, o cartão custa US$29,95 por ano.
    Fonte: https://www.payoneer.com/fees/
  4. Skrill: eu, pessoalmente, só criei a minha conta no Skrill, mas nunca cheguei a usar. Até onde sei, para receber é tudo gratuito, pois o Skrill ganha dinheiro em cima de quem paga, ou quando você envia esse dinheiro para algum banco brasileiro. Até há pouco tempo, existia um cartão de crédito opcional também, como o Payoneer, mas em 2016 o Skrill parou de fornecer essa opção no Brasil, e quem já tinha ficou na mão, pois ele parou de funcionar. Mas ainda é possível receber via Skrill e transferir para sua conta brasileira.
    Fonte: https://www.skrill.com/pt/fees/
  5. Conta bancária da OASFCU (OAS Staff Federal Credit Union): para mim, esta é a melhor opção, pois é uma conta bancária americana de verdade. Aceita tanto Wire Transfer como ACH e não cobra nada para você receber seu dinheiro lá. Eles oferecem um cartão de débito de graça, e o envio também é de graça (há a opção paga, por DHL, em torno de 40 dólares). Como qualquer banco, eles oferecem cartões de crédito, e há opções gratuitas também. Ou seja, é tudo gratuito. Mas tem uma “pegadinha”, claro: é só para membros da ATA, cuja anuidade é de 190 dólares. Esses 190 dólares são muito, mas muito mais do que o cartão de crédito do Payoneer, é claro, mas a diferença é que participar de uma associação não tem como benefício único uma conta bancária no exterior. Além de dar um bom peso ao seu currículo e ao seu nome como profissional, uma associação normalmente oferece muito mais a seus associados, como descontos em congressos, mentorias, troca de conhecimento, e diversas outras coisas.

Agora, vamos a algumas simulações com números, para todo mundo sair daqui sem dúvida nenhuma nessa primeira parte. Eu criei quatro situações de recebimento para exemplificar:

É uma imagem essa tabela, o Medium não deixa colar tabelas aqui :(

Essas quatro situações representam: 1) vários pagamentos pequenos (12 x 100 dólares), 2) vários pagamentos grandes (12 x 1.000 dólares), 3) um pagamento único pequeno (100 dólares) e 4) um pagamento único grande (1.000 dólares). As simulações seguem logo abaixo, separadas por meio de pagamento (exceto cheque). No final, vamos analisar.

Como vocês viram, para pagamentos pequenos, Skrill e PayPal são boas opções, já que Payoneer e OASFCU têm custos adicionais anuais. Para quem trabalha pouco com clientes de fora, pode não valer a pena investir no cartão de crédito do Payoneer ou na associação à ATA (nesse último caso se o único motivo for a conta OASFCU). Para quem, como eu, trabalha quase exclusivamente para o exterior, Payoneer e OASFCU valem bastante a pena não só pelo recebimento em dólares (ou Euros no caso do Payoneer) mas também pelas formas de transformar esse dinheiro em reais.

Como falei antes, nada disso aqui é propaganda, só estou citando os meios que testei, com as vantagens e desvantagens de cada um. Para a informação ficar completa, falta a parte 2 desta história. Esse dinheiro das tabelas acima ainda não chegou ao seu bolso, vamos ter ainda mais pegadinhas na segunda parte, porque é claro, pagamos por tudo nesse mundo, pagamos até para receber.

Até a parte 2, pessoal!

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Thiago Hilger

Freelance translator, mainly on game localization. Teacher of gameloc and subtitling. And a very nice person. :)