Eu queria mudar

Tomaz Maldonado
Mendes
Published in
2 min readMar 11, 2022

Você já chegou em uma fase da vida em que você percebeu que deveria mudar? Mudar de casa, de relacionamento, de amizade, de estilo de vida, de opiniões, de qualquer coisa? Imagino que sim. A vida tem essa capacidade maluca de colocar na nossa frente os mesmos atores, as mesmas pessoas, estruturas, natureza, e, ao mesmo tempo, não parar de girar, de se transformar e se adaptar. A mudança não faz só parte da vida, mas é o próprio viver. É se movimentar, tornar potência um ato, e crescer. Às vezes, mudar é fácil, quase imperceptível. Outras vezes, exige tudo.

Eu acabo de mudar de apartamento, depois de 1 ano e meio no antigo e 3 anos que escrevi meu primeiro texto em cima de uma caixa de mudança. Confesso que, diferente de outras vezes, agora foi fácil e natural. De um dia pro outro, surgiu uma oportunidade que se transformou em desejo imediato de mudar. A possibilidade do novo tomou conta. A esperança de dias melhores, de progresso, me fez não pensar duas vezes. Talvez duas sim, mas para por aí. Infelizmente, nem sempre é assim.

Na vida, têm alguns momentos decisivos — alguns que vamos descobrir só lá na frente — que nossas decisões mudam todo o curso dela. E não existe decisão singular. Cada escolha feita, carrega milhões de outras escolhas não feitas. Cada dia que você decide morar em um apartamento, carrega inúmeras potenciais experiências que poderiam ser vividas em outro lugar. Cada dia em um relacionamento, é uma escolha em detrimento de muitos outros potenciais relacionamentos. Por isso, decidir, mudar, é tão difícil. Porque quando você enxerga opções, a vida traz insegurança, cria uma corda automática que te prende ao comodismo de permanecer estático e, muitas vezes, de tanto olhar o cardápio do ifood ou da Netflix, você perde a fome e desiste de ver um filme.

É nesse lugar, nesse ponto decisivo, que a vida pede coragem. Muitas vezes, o não pensar ajuda. Só mudar, aceitando a mudança como parte da vida. Outras vezes, é necessário um empurrão. Mas, em todas elas, é necessário força. Força pra sair do sofá e caminhar. Força pra empacotar as caixas e carregar o caminhão. Força pra definir quem você quer ou não ser. Onde você quer ou não estar. E qual mudança vai te fazer se sentir em casa, em paz, mesmo com tanta tralha pra desempacotar

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