A ‘ditadura do bem’ em ‘Capitão Planeta’ do Don Cheadle

17 minutos de risadas e reflexões

Árvores são coisas boas, certo? Plantar árvores também é bom, ok? Um herói que defende àrvores plantadas a qualquer custo, então, não tem como ser algo ruim, certo?

Errado.

É o que descobrimos na esquete “Don Cheadle is the Captain Planet” (Don Chadle é o Capitão Planeta), de 2011. Produzido pelo canal de humor Funny or Die, a produção propõe um Capitão Planeta, herói dos desenhos infantis dos anos 80, que não se limita a influênciar, mas faz o bem a qualquer custo.

No fim, o enredo do herói que por excesso de poder, se torna vilão, nos lembra a aclamada The Boys (Prime, 2019 -) e nos faz perguntar quando o herói deixa de praticar o heroísmo pelo bem comum e começa a praticar o “bem próprio” travestido de bem.

Profético? O insano personagem do Cheadle parece ter sido, anacronicamente, inspirado em alguns de nossos principais líderes políticos e religiosos. Munidos da retórica do bem, estão dispostos a implantá-lo a qualquer custo. De forma que, já fica difícil saber se o “bem” proposto por eles é o fim ou o meio para outros fins.

Olhando para os pretensos heróis de hoje, entendemos quando Jesus se negou a impor o bem à força. Até mesmo aqui que é considerado moralmente correto, não deve ser imposto de cima pra baixo. Como já dizia Jeremias (31:33), Deus escreve a lei no coração do seu povo.

Isso não significa que não devemos discutir leis, pois é isso que uma democracia faz. Mas a ditadura do bem também é uma ditadura.

Plante uma árvore, isso é bom. Mas não pire, como fez o Capitão Planeta excelentemente interpretado pelo Don Cheadle.

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