A rasa educação ‘red pill’ e suas consequências

E o diário de alguém que está pesquisando sobre o mundo da masculinidade de internet

Bruno A.
o mundo precisa saber
3 min readJul 17, 2024

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Photo by SHAMBHAVI SINGH on Unsplash

Estou tentando escrever um texto com o tema “Crente pode ser red pill?”, como continuidade das séries sobre masculinidade e a “crente pode?”, onde discutimos o que crentes podem ou não fazer. Abri abas e abas do google e… Como é dificil encontrar algo estruturado sobre o assunto.

Não há sites e blogs em português escritos pelos adeptos do movimento. Pelo menos não nas primeiras páginas do Google. Há muitas matérias e reportagens detratando o movimento, mas nada sobre o que é ser um red pill por um red pill.

Ai lembrei que estamos em 2024, e não em 2010. Ninguém mais escreve blogs.

Então basta fazer como um humano normal desta época — abrir os feeds do Instagram, Youtube e Tiktok — e boom! Chove conteúdos.

Os mais rasos possíveis.

O problema dos dias de hoje (sem querer ser o tiozão saudosista) é que parece que tudo pode ser encaixotado em um mini vídeo de 30 segundos, ou menos. Num corte de podcast. Então, não adianta procurar por artigos científicos que traçam linhas do tempo e estruturam o que é ser um red pill. As pessoas não leêm isso. Elas consomem vídeos de 30 segundos, com os cortes mais absurdos de uma linha de pensamento que já é absurda em si.

De 30 em 30 segundos, você vai aprendendo, em doses pequenas e viciantes, o que é ser um red pill. Se você é um homem que, de fato, tem medos e inseguranças sobre esse mundo onde tudo parece estar mudando, se você tem uma história traumática de relacionamento pra contar, ou se você sequer consegue entrar em um relacionamento, ser convencido e contaminado pela ideologia red pill é mais fácil ainda.

Em um mundo onde as retóricas dos principais meios de mídia são cada vez mais feministas — por motivos óbvios que qualquer pessoa racional consegue pelo menos compreender — precisamos entender que existem homens que sentem estar perdendo voz e espaço, que sentem que estão sendo acuados. E que se tornam presas fáceis para esses movimentos que, no fim, lucram bastante com livros, palestras e monetizações em redes sociais.

E do outro lado, o que sobra?

Homens que realmente acreditam que precisam largar o espírito de colaboração e engajar em uma “guerra dos sexos”, afinal, o seu lugar na sociedade estaria sento tomado de assalto por movimentos que alegadamente “feminizam” até mesmo os homens.

É um nós contra eles (ou contra elas), que vende muito, aliás.

Então, se de um lado, temos mulheres que veêm Efesios 5 com repulsa, pois acreditam que se trata da Bíblia dizendo para homens subjulgarem mulheres, do outro lado vemos homens que vêem Efésios 5 com hipocrisia, pois amam esse mau entendimento, mas ignoram o fato de quem “cuida de mulheres como cuidam do próprio corpo”, na verdade, está se subjulgando a elas.

Mas, o que seria da sociedade se as pessoas não se subjulgassem umas as outras, prestando atenção nas necessidades dos outros, e não apenas no nosso próprio umbigo?

Seria — e é — exatamente tudo aquilo que você lerá em qualquer portal de notícias que você abrir agora.

Bem, vou seguir aqui nas minhas pesquisas para entregar um bom texto sobre como cristãos podem ser melhores homens sem precisar das groselhas do tiktok.

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