Avivamento em Ashbury e o Avivamento em Atos 2
O que o avivamento do passado tem a ensinar ao avivamento de hoje
Já que no momento em que escrevo esse texto, "avivamento" virou o trending topic cristão, quero me lembrar daquele que para mim foi um dos maiores avivamentos.
Jesus já havia morrido, ressuscitado e ascendido aos céus. Os discípulos estavam reunidos em Jerusalém desde então, seguindo a ordem do Mestre, esperando o Espírito.
Era época da festa de Pentecostes. Judeus de todas as partes do mundo conhecido estavam na “capital” para festejar.
A essa altura, séculos depois da diáspora provocada pela invasão babilônica, "Judeu" era um pronome muito mais étnico e religioso do que gentílico. Ser judeu significava ter herdado a cultura judaica, ainda que você tivesse nascido na Grécia, em Roma ou no Egito — não muito diferente do significado atual de ser judeu.
Dessa forma, podemos imaginar, inclusive, jovens influenciados pela "indústria cultural" greco-romana visitando Jerusalém pela primeira vez na vida, tendo o seu primeiro contato com o core da sua cultura, com a cidade "mãe".
E então, como descrito em Atos 2:7, as "línguas de fogo" trouxeram o milagroso entendimento: cada um ouvia aqueles pobres e pouco instruídos homens galileus profetizando as maravilhas de Cristo em suas próprias línguas locais. Incrível!
A reação popular, ontem e hoje, sempre a mesma: "é álcool demais na cabeça, só pode!"
E então Pedro — o mesmo que episódios atrás havia abandonado tudo e voltado as suas pescarias após negar Cristo — pediu a palavra, e no "bom e velho português", declarou as maravilhas e a salvação de Cristo da forma que todos pudessem entender e que os incrédulos pudessem levar a sério. Aquele seria o seu "avivamento pessoal".
Na pregação, Pedro citou Joel, profeta antigo que havia pregado sobre uma futura "efusão do Espírito" em dias futuros, em uma época em que Israel havia sido destruída e dissipada.
Agora, os filhos da dissipação estavam ali, vivendo o cumprimento da profecia e o principal milagre daquele dia: a salvação em Cristo sendo pregada nos idiomas de todas as nações e línguas.
Se os dias da dissipação, lá no Velho Testamento, foram um "tapa na cara" da Israel e da Judá tão "ensimesmadas" a ponto de trair seu próprio Deus em seus acordos políticos e religiosos, na esperança de salvar o seu pedaço de terra prometida, agora a mensagem era bem clara: a Promessa é para todos aqueles que crerem, independente de onde estejam, pois Deus não é só o "Deus da bolha de Israel", mas o Deus de todas as nações.
E aquelas pessoas greco-romanizadas voltariam as suas cidades batizadas e com uma única missão: contar aos seus tudo o que viram e ouviram em Jerusalém naqueles dias. E muitos creriam. E a Palavra se espalharia pelo mundo.
E esse foi o "avivamento de Jerusalém".
Sobre o "avivamento de Ashbury"? Não tenho nada a dizer. Sendo um avivamento de verdade, trará em seu DNA os mesmos sinais: há de se espalhar e "contaminar" a vizinhança, em dias onde a sociedade cristã americana acha que privar pessoas de seus direitos humanos, com suas armas em punho, é uma forma de evangelismo.
Pelos frutos, conheceremos a árvore. Então, vamos aguardar os frutos, torcendo para que sejam bons, porque de avivamentos, todos precisamos e estamos carentes.