Crente pode ter empatia? Conheça exemplos de empatia na Bíblia

De todos os “pecados”, este certamente é o mais desejavel

Bruno A.
o mundo precisa saber
3 min readAug 11, 2024

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Photo by Nadine Shaabana on Unsplash

Na falta de pecados, inventaram mais um. Segundo a nova trend, agora empatia é pecado (1), vejam só…

Podemos discorrer sobre a etimologia da palavras empatia, descobrindo que ela vem do grego empátheia, que vem da junção de en=em e pathos= paixão e nos faria lembrar instantaneamente da Paixão de um Cristo que empatizou conosco, e que para isso, não precisou deixar de ser imaculado, fazendo com que textos como Hebreus 4:16–18 pudessem ter amplo sentido.

Aliás, o “colocar-se no lugar do outro”, que é o significado que o senso comum aceita por “empatia” é algo que está espalhado pela Bíblia, certo?

Natã apela pra empatia de Davi, que só então percebe a gravidade do pecado que cometeu (2 Samuel 12). Quando Davi, enfurecido, jura morte ao suposto homem rico que teria roubado as ovelhas do homem pobre, como se fosse ele, o próprio Davi, o defraudado, o que ele está sentindo é empatia, certo? E é isso que torna esse texto poderoso: um Davi que se colocou no lugar de um suposto homem defraudado, mas não teve a capacidade de se colocar no lugar do casal que ele acabara de defraudar.

Atos 9:19–28 fala de um Paulo que saiu da posição de perseguidor para tomar a posição do perseguido. Aqui, Deus usou não uma parábola, mas a própria vida de Paulo como uma história de empatia.

E se é pra falar de “parábolas humanas”, o que dizer de Oséias, então? Este homem teve o estraçalhador privilégio de poder sentir empatia por um Deus que se sentia traído pelo sua própria criação, e pode praticar na pele a misericórdia que esse mesmo Deus prometia a esse povo.

Ainda na esfera da galera que “sentiu na pele" o que Deus sentiu, não dá pra esquecer de Abraão, que subiu o monte, levando o seu próprio filho nos braços para o sacrifício, sentindo toda a angústia de ter que entregar o seu único filho, como Quem mesmo?

Óbvio que aquela pessoa que entra em estado de ansiedade ao tentar ajudar o colega em estado de ansiedade não vai conseguir ajudar. Mas isso está mais para um descontrole emocional — a ser tratado na terapia — do que para um pecado, tal qual anda sendo exposto por aí.

Talvez, a falta de empatia é que seja o pecado da moda, principalmente no nosso meio cristão. Usar a máquina pública para impor a lei da igreja sobre a lei do estado é a nossa principal atitude de falta de empatia, pressionando desde pessoas que sequer conseguem dormir por conta dos seus dilemas de sexualidade, ou que querem apenas poder deixar sua herança para quem estiveram ao lado delas por toda a vida até mesmo a adolescente que foi violentada e, agora, corre o risco de sofrer uma pena judicial mais pesada que a do próprio estuprador.

Olha, de todos os pecados praticados na cidade, o “se colocar no lugar do outro” é o mais desejável deles. Acho que está na hora de começarmos a pecar um pouco mais. Que Deus nos ajude.

Temos um texto que complementa esse assunto, utilizando de peças de arte, como músicas, cinema e até a bíblia como exemplos.

A série “Crente pode?” traz respostas a dúvidas do mundo cristão. Os demais textos da série podem ser encontrados aqui.

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1 — O vídeo do “pecado da empatia”. Era só o que faltava.

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