Crente pode usar maconha? E outras drogas?

Essa pergunta tende a ficar cada vez mais recorrente no nosso meio

Bruno A.
o mundo precisa saber
3 min readAug 21, 2024

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Photo by Elsa Olofsson on Unsplash

A questão parece absurda para alguns porque somos parte de gerações que aprenderam a ver a maconha como algo ilegal. Mas vamos aos fatos: em cada vez mais lugares, as restrições ao seu uso têm caído, o que fará com que as próximas gerações não vejam a maconha com olhos tão maus como nós vemos. E ainda tem o fato de que a ciência avança a cada dia mais no sentido de encontrar usos medicinais para a planta.

Esses fatos deixam a questão bem menos absurda. E para refletirmos, vamos por partes.

Remédio

Os estudos avançam e encontram cada vez mais usos medicinais para a maconha. Isso é ótimo e nos faz pensar em quantas curas e alívios para doenças ainda estão escondidas na natureza.

Se um médico receita um medicamento que contém maconha a um cristão, não vejo motivos para polêmica.

Maconha é droga. Rivotril, Ritalina e Venvance também são. Não vemos pregações e teologias sobre uso desses e outros remédios. O que há é a costumeira recomendação contra os perigos da automedicação (ainda mais quando se trata de medicação controlada), para crentes e não crentes.

Não há verso bíblico onde podemos nos apoiar para fazer diferença entre um comprimido à base de maconha e outro, a base de qualquer outra coisa. O que há, como disse no início, é uma questão cultural.

Recreação

Quanto ao uso recreativo — principal motivo em torno da polêmica sobre a planta — , talvez possamos nos apoiar na Bíblia.

Nas Escrituras, não encontraremos nenhum verso do tipo “não enrolarás um baseado”. Creio que o mais próximo que encontraremos são os versos sobre embriaguez.

Sempre relacionados ao uso excessivo do álcool, versos como Proverbios 20:1, Gálatas 5:19, Efésios 5:18, entre outros, condenam o uso exagerado do álcool, a embriaguez e adverte sobre suas consequências. Em Habacuque 2:15, o texto denuncia quem embriaga o próximo para obter vantagens sexuais. Em vários trechos de Provérbios, a embriaguez está relacionada a tolice e a falta de prudência e sabedoria e a brigas e confusões.

Apesar da “licença poética" praticada nesse texto ao associarmos embriaguez alcoólica e maconha, creio que dá pra tirar algumas reflexões: por que nós embriagamos? Porque usamos qualquer tipo de substância para nós anestesiarmos ou sairmos da nossa “consciência”? De quem, ou do que estamos fugindo? Do que, ou de quem queremos nos esquecer? Que dores queremos aliviar?

O que, neste texto, estamos chamando de “embriaguez" — sem nos preocuparmos com qualquer rigor científico, preciso confessar — pode ser aplicado não apenas ao que bebe ou ao que fuma, mas também ao que cheira, ao que toma comprimidos sem orientação médica, ao que passa horas e horas em redes sociais e videogames — que causam efeitos cerebrais bem parecidos com as drogas —, entre outras coisas que praticamos apenas para fugir, ou para esquecer.

Será que fugir, resolve? Será que esquecer, ainda que momentaneamente, adianta?

Enquanto substâncias a base de álcool, maconha, entre outras, podem até nos fazer esquecer das nossas lamúrias momentâneas, ainda que isso custe nossa saúde, a Bíblia nos ensina sobre descansarmos em Deus, repousando sobre eles as nossas ansiedades.

Leis mudam todos os dias, seja como causa ou como consequência de mudanças culturais. Mas, o que não pode mudar é a nossa certeza de que em Deus encontramos descanso para as nossas almas. E, por isso, outros alívios sequer se fazem necessários.

Então, invés de nos perguntarmos se podemos ou não, a pergunta deveria ser “por que queremos”?

Adendo: e quanto aos nossos irmãos de igreja que estão e estarão presos ao uso de substâncias?

Que não nos deixemos inflamar pelas polêmicas políticas, deixando de lado a ignorância e oferecendo local de acolhimento para estes. Quantos testemunhos já vimos e ouvimos sobre pessoas viciadas em drogas, nicotina e álcool, que encontraram na igreja e na sua comunidade um local seguro, sem julgamentos, para conhecer e prosseguir conhecendo a Cristo apesar de seus vícios. E quantos testemunhos já ouvimos sobre irmãos que, graças a isso, conseguiram largar seus vícios?

Que isso não mude, independente das mudanças das leis.

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