Discussões tolas

Muita saliva e pouca conversão.

Tenho certeza de que se fosse possível aos apóstolos acessar informações da igreja e do cristianismo do século XXI, certamente eles os anexariam às suas dezenas de cartas escritas às igrejas, dizendo: “é nisso que vocês irão se tornar se não seguirem nossas palavras”.

Nas duas cartas a Timóteo e a carta escrita a Tito, o apóstolo Paulo parece estar preocupadíssimo com o envolvimento daqueles cristãos com discussões “tolas” e “inúteis”. Tanto que nas três epístolas, ele recomenda claramente que fiquemos longe de tais práticas.

Ele insiste à audiência daquelas cartas que eles tomem cuidados com conversas vãs, e que tomássemos cuidado para não difamar ninguém.

Certamente, o problema daquelas comunidades eram as longas discussões do tipo “judaísmo x cristianismo”, que produziam muita confusão e pouca salvação. Mas é certo que roda discussão tola, inútil — seja no ambiente familiar, trabalho, igreja ou até mesmo internet — causa muita dissensão e pouquíssimos bons frutos.

Afinal, qual frutos de conversão e salvação temas como “direita x esquerda”, “lei do aborto”, “casamento gay”, “conservador x progressista”, “Trump x Biden” geram? Quantas pessoas se voltam aos pés de Cristo quando pastores usam seu tempo de púlpito para pregar a nova teoria da conspiração? Quantas corações de voltam pra Cristo quando nós, cristãos, passamos o dia na internet sendo “contra isso” ou “à favor daquilo”?

Como Paulo costumava deixar claro em suas cartas, o dia de Cristo, para eles, sempre esteve perto. Então, criar uma revolução abolicionista ao incentivar escravos cristãos a se revoltarem contra seus servos, ou criar uma revolução feminista, incentivando mulheres a ensinar na igreja, poderia até serem vistos com bons olhos por pessoas que nasceriam 2 mil anos depois, mas produziriam muito mais frutos de confusão do que frutos de piedade naquela época.

E as nossas discussões, que fruto tem produzido? Será que o crente engajado está ganhando almas através do seu testemunho? Será que uma igreja cada vez mais agressiva tem mostrado ao mundo que a porta está aberta para qualquer um que queira entrar?

Será que uma igreja que exige que você mude totalmente seus padrões antes de entrar está pregando o “Vinde, coma e beba sem dinheiro” de Isaías 55?

Ou será que viramos apenas um clube social?

Porque, se foi isso mesmo, como já dizia Paulo aos Coríntios, nos tornamos os mais miseráveis de todos os homens, afinal, a nossa esperança está a cada dia mais terrena.